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Artigo: Speed, Power & Flow (SPF) vai à China
Nos últimos dias estive visitando uma série de países – Inglaterra, Qatar, Singapura e China, e várias cidades Chinesas – Xangai, Huangzhou, Guangzhou e Shenzhen. O objetivo foi desenvolver negócios e entender “in loco” o que está acontecendo em termos de adoção de novas tecnologias. Encontrei com diversos players de mercado, entre eles, as principais líderes dos mercados em que atuo, assim como startups e fornecedores, além de experimentar novas tecnologias e conviver com diversos novos “flows” que ainda não havia conhecido. De maneira resumida:
Flow
Todos os meios de pagamento e identificação pessoal estão interligados ao smartphone e ao cartão de cidadão chinês, eliminando, assim, a necessidade de execução de tarefas simples como cobrança (não existem mais caixas em restaurantes e tudo praticamente funciona no autosserviço – e já em vários locais com a tecnologia do reconhecimento facial).
Robôs, robôs e mais robôs. A tecnologia de automação utilizando plataformas móveis e de comunicação está ganhando escala rapidamente. Robôs-garçons, robôs-concierges, robôs para auxílio aos idosos, robôs-babás, robôs para assistência pessoal, robôs de jogos, etc, podem ser vistos por todos os lugares. Mesmo em hotéis simples, restaurantes, caminhando em shoppings e em condomínios.
Como mais um exemplo: sentados na mesa do restaurante, utilizamos o QR Code impresso na mesa para ler o cardápio no Alipay, já fazemos o pedido, pagamos e um robô nos entrega a refeição.
Reconhecimento facial para todos e nos mais variados usos, desde monitoramento dos pedestres – que por sinal, caso alguém atravesse uma faixa de pedestres com sinal vermelho, recebe instantaneamente a multa, até controle de operários de construção civil em um canteiro de obras. Sem falar nas propagandas, estilo “blade runner” onde totens com reconhecimento facial identificam o gênero, idade e estado emocional da pessoa reproduzindo uma propaganda sob medida.
Outro exemplo: Supermercados possuem duas formas de compra. 1. Autoserviço, onde compramos diretamente das gôndolas, mas ao invés de passarmos pelo caixa para pagar, a tecnologia do reconhecimento facial está integrada ao meio de pagamento e as compras são automaticamente cobradas. Já vimos alguns exemplos dessa tecnologia, mas nunca em uma escala tão ampla e funcional. 2. As compras são feitas por meio de um totem existente na entrada do supermercado. Os funcionários, por sua vez, coletam os pedidos e os colocam em esteiras rolantes por todos os lados do supermercado para que, em poucos minutos, estarem disponíveis em uma caixa para coleta do usuário.
Além disso, o uso da tecnologia 5G já está em teste e com aparelhos disponíveis no mercado. Esse será um grande divisor de águas, com toda certeza. Os usos para essa tecnologia são vários, como na educação onde um único carismático professor podendo dar aulas a mais de 300 salas simultaneamente em toda a China, cirurgias com equipamentos de alta definição sendo conduzidas remotamente, carros e outros meios de transporte autônomos, monitoramento em tempo real e de alta resolução de cidades inteiras com alertas de risco de incêndio, poluição, acidentes, etc.
Especificamente nesse último tópico, visitamos quatro empresas altamente especializadas – e já com escalas de regiões inteiras e milhões de pessoas. Enquanto isso, no Brasil, nosso Governo recebeu na semana passada representantes das empresas de telecomunicações pedindo ao Governo para postergar o leilão de 5G pois as teles ainda têm muito a investir na tecnologia 4G… e assim vamos ficando para trás…
Fazendo nosso papel de empreendedores, estaremos trazendo essas e outras várias tecnologias que tomamos conhecimento e esperamos tê-las em breve disponíveis através de nossos ecossistemas de IOT e Softwares (Magikey, Vivakey), Financiamento (Raiser) e Serviços (Techospitality).
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Speed
Tanto no Qatar quanto na China e Singapura percebemos uma infraestrutura privilegiada. Com aeroportos, estradas, estações ferroviárias e metrôs no estado da arte. Conjuntos de prédios e novos bairros literalmente “brotam” do chão, bem como estações de metrô e novas estradas. Devo dizer que nos sentimos muito incomodados em comparar com os processos que temos para aprovar e construir aqui no Brasil – como licenças ambientais intermináveis, ações do ministério público, Iphan, leis trabalhistas que não incentivam a contratação, complexo sistema legal, impostos e taxas absurdas, entre outros entraves familiares e corriqueiros. Enquanto isso, em poucos meses, outras e várias estações de metrô são erguidas na China.
O Governo Chinês e de Singapura incentivam o desenvolvimento de novas tecnologias, promovem financiamento de startups e estão criando uma base extremamente robusta para o aumento da competitividade de longo prazo das economias. Encontramos com várias startups em Singapura e elas recebem subsídios muito relevantes para se firmarem e montarem seu modelo de negócio.
Na China, o Governo promove uma competição entre vários players qualificados, como, por exemplo, em tecnologias-chave (reconhecimento facial e monitoramento, por exemplo, gerando receitas para essas empresas com contratos públicos e rapidamente tornando negócios viáveis com a escala e disponibilidade de recursos). Enquanto isso, empreendedores brasileiros sofrem com a burocracia de impostos, dificuldades de administração de uma empresa e funcionários, além – e sobretudo, com a falta de recursos disponíveis ao incentivo do desenvolvimento de novas tecnologias.
Outro exemplo são as políticas de incentivo ao uso de energias renováveis e redução na emissão de poluentes. Em nenhum momento de nossa viagem à China sentimos problemas com a poluição. Sobretudo pela adoção de inteligentes políticas públicas como o incentivo a compra de motos elétricas. Não vimos nenhuma moto a combustão em nenhuma das várias cidades chinesas que estivemos. Em Shenzhen, todos os ônibus e táxis são elétricos ou, pelo menos, híbridos. Shenzhen possui sozinha uma frota de ônibus elétricos maior do que todos os países do mundo somados. O custo para manutenção da frota elétrica de ônibus de Shenzhen é estimado em USD1 bilhão ao ano.
Enquanto a Europa advoga a utilização de carros elétricos, mas com baixíssima adoção, a China faz e, de cima para baixo, como política pública acabando com a utilização de combustíveis fósseis na indústria automobilística. Atualmente eles já possuem mais do que o dobro de automóveis elétricos que a Europa. Não devemos ter dúvidas de quem será o líder nessa indústria, não é mesmo?
O Governo chinês também regula onde indústrias mais poluidoras podem ser instituídas e altera o salário mínimo de acordo com cada região, incentivando – ou não, o uso daquele espaço para determinada indústria e trazendo desenvolvimento econômico. Imagine se pudéssemos ter salários diferenciados por municípios a fim de promover o desenvolvimento equânime de todo o território nacional?
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Power
Os vencedores são, sem dúvida, os países como Singapura e China que possuem decisões de Governo rápidas, focadas no longo prazo e com foco em desenvolvimento econômico. Nos últimos anos, mais de 600 milhões de Chineses saíram da linha da pobreza e são hoje profissionais, cada vez mais bem treinados e educados, produzindo e consumindo. Não existe melhor forma de desenvolvimento social ou melhor política ecológica do que o desenvolvimento econômico. Se não melhorarmos o nosso “flow de aprovações”, acelerarmos, sobretudo, o nosso “speed” de desenvolvimento econômico, vamos acabar nos tornando um museu a céu aberto. E o nosso “power” de criatividade e recursos naturais será rapidamente absorvido por outras economias mais eficientes.
Rony Stefano é CEO da Sanctuary Properties, holding de investimentos imobiliários e Tecnologia, Diretor Financeiro da ADIT Brasil (Associação Para Desenvolvimento Imobiliário e Turistico), Membro do Conselho do Raiser Crowdfunding, Magikey e Vivakey. Entusiasta de Tecnologia e Investidor anjo em novas tecnologias. Possui MBA pelo Insead na França e Singapura
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