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Perfil #10 – Felipe Cavalcante
O primeiro negócio de Felipe Cavalcante foi uma franquia de concreto estampado – e a primeira obra que fez, foi a calçada de um restaurante. A participação em projetos públicos veio logo em seguida. Centenas de obras de infraestrutura, habitação, saúde e escolas compõem o seu vasto currículo. “Eu e meu sócio da época nos tornamos uma das principais empreiteiras de Alagoas, mas eu particularmente não gostava do que fazia”, revela. Aos poucos, o ritmo de trabalho foi reduzindo, até que ambos migraram para atuar em habitações de interesse social e mercado imobiliário. “Nossa empresa fez o segundo PAR [Precursor do Minha Casa Minha Vida] do Brasil e construímos diversos empreendimentos em Maceió. Também passamos a atuar no setor de loteamentos e residencial, inclusive com uma filial em São Luiz/MA”, conta.
Em 2005, Cavalcante vendeu sua participação na empresa e passou alguns anos sem empreender, focado apenas na gestão dos recebíveis dos empreendimentos e procurando algo ao que se dedicar. “Nesse período, fui convidado para ser Presidente da ADEMI/AL. Durante o mandato realizei o Nordeste Invest e, a partir dele, foi fundada a ADIT, em 2006, da qual fui Presidente até 2019.”
Em 2010, ele voltou ao mercado imobiliário, com o complexo ILOA na Barra de São Miguel – que inclui empreendimentos residenciais, resort e clube de férias. A partir disso, desenvolveu vários outros empreendimentos imobiliários em Alagoas. “Com a crise de 2014-2017, deixei de atuar no mercado imobiliário, focando a atuação no Complexo ILOA. Em 2019, fundei a Matx Academy, voltada para a realização de Grupos Masterminds, mentoria, funding para o setor imobiliário e produção de conteúdo.” Entre os produtos que gerencia hoje, estão o podcast Além da curva, a Newsletter Fica a dica e o blog Para reflexão.
Felipe Cavalcante é formado em administração de empresa pela FESP/UPE e em Marketing pela Escola de Marketing, ambas de Recife/PE. Também tem MBA em Gestão Empresarial pela FGV. É presidente de Honra da ADIT BRASIL.
“Sem sombra de dúvidas, a maior realização foi a criação e transformação da ADIT em uma entidade de atuação nacional e internacional, motivo de muito orgulho por ter ajudado e feito a diferença na vida de muitas pessoas e empresas.”
Qual foi o maior desafio que você enfrentou/enfrenta atuando nos mercados imobiliário e turístico?
Na época das obras públicas, praticamente quebrávamos a cada dois anos. Só havia dinheiro na época das eleições. Fazíamos as obras e não recebíamos porque o órgão público estava inadimplente com algo que não tinha qualquer relação com nosso projeto. Foi bastante desafiador, junto com o fato de ainda tão novo, a partir dos 23 anos de idade, ter uma empresa com dezenas de obras espalhadas por todo o estado de Alagoas e centenas de funcionários.
Mas o maior desafio foi a grande crise econômica de 2014 a 2017, que atingiu em cheio o mercado imobiliário brasileiro e a minha empresa. Juntando a gravidade da crise com uma procura por fazer algo que me desse maior satisfação, cessei minha atuação no setor imobiliário.
A crise do COVID tem toda a cara de que vai trazer consequências sérias para a economia e para o turismo em particular, mais ainda estamos no meio do processo e toda a extensão do seu impacto ainda precisará ser verificado no futuro.
Tem filhos?
Um filho de 15 anos.
Qual o seu Hobby?
Ler e estudar. Estudar e ler. Especialmente sobre psicologia e o entendimento da mente humana.
Restaurante favorito?
Ohka e Nakka
Culinária favorita?
Japonesa
Prato que traz boas memórias?
Tainha frita com feijão de coco e arroz feito pela Chica na Barra de São Miguel. Era meu prato favorito na infância. Deu saudades.
Um filme que marcou sua vida? E por qual motivo?
Cinema Paradiso. Me lembro de eu e um amigo, ambos na faixa dos 18 anos e criados na cultura nordestina do homem não chora, assistindo-o sem conseguir parar de chorar a partir do retorno do Toto para sua cidade. Assisti novamente na quarentena do COVID e achei que ficaria frustrado, mas a choradeira veio com força de novo. Nunca vi um filme gerar tanta emoção sem apelar para ser piegas como ele.
Livro inesquecível – e maior lição aprendida durante a leitura?
São tantos. Um que influenciou demais a minha vida foi “Ah, seu eu soubesse”, de Richard Edler. Li ele em 1998 e caiu a ficha que o arrependimento da quase totalidade das pessoas bem-sucedidas profissionalmente é não ter se dedicado à família. Decidi naquele momento que esse problema eu não teria. E felizmente cumpri a promessa. Mesmo com todas as atribulações, responsabilidades, sobrecarga de trabalho e viagens da vida profissional, consegui ser um marido e pai presente e ajudado a construir um lar tranquilo, saudável e harmônico. Escolhi ter sucesso na vida pessoal sobre ter sucesso na vida empresarial. Foi uma decisão consciente tomada após a leitura desse livro.
Banda/cantor(a) favorito(a)?
The Smiths. Não consigo entender porque eles não são mais famosos. O meu critério para saber se uma banda foi brilhante é a quantidade de músicas boas em relação ao total de músicas. E nesse critério, eles só são suplantados pelos Beatles.
Banda/cantor(a) que mais tem escutado ultimamente?
Hoje em dia acabo ouvindo mais playlists do que artistas específicos. Inclusive envio semanalmente uma sugestão de playlist na minha Newsletter Fica a dica. Mas se tivesse que apontar um artista seria o Billy Joel. Descobri no ano passado e viciei. Quanta música boa!
Série preferida?
São muitas. Além das mais famosas e clássicas, vou listar algumas que sugeri desde o ano passado na Newsletter Fica a dica: The looming tower, Dark, El Chapo, Bad blood, After life, Mr. Selfridge, Narcos: Mexico, Fariña, Ozark, Inacreditável, O levante da páscoa, A guerra do Vietnã, The Crown, O método Kominsky, Inside Bill’s brain,
Rede social favorita?
Twitter. Instagram é para imagens. Twitter é para idéias. Sem palavras para dizer o quanto me agrega valor.
Destino favorito no Brasil?
Não tem outro, né? Barra de São Miguel. O melhor e mais bonito lugar para mim fica nos Lençóis alagoanos na Praia das Conchas que possui uma série de bancos de areias que chamamos de crôa. Indescritível a beleza e a paz do lugar. E adoro particularmente catar massunim, uma marisco local parecido com o vôngole.
Destino favorito no mundo?
Londres. Além de ter feito intercâmbio na Inglaterra, passei alguns anos viajando com frequência a trabalho para a Europa e adoro todas as grandes cidades de lá, mas Londres é Londres.
Maior conquista profissional?
Ter fundado a ADIT e transformado ela em uma entidade respeitada nacional e internacionalmente. Tudo isso a partir da Barra de São Miguel e de Maceió.
Algo que te orgulha?
Minha família
Personalidade que admira do setor em que você atua?
Romeu Chap-Chap. Grande inspiração para mim como líder institucional. Apoiou a mim e a Adit desde o início.
Personalidade que admira do mundo dos negócios?
Não me vem ninguém a mente especificamente. Não costumo endeusar pessoas. Todo mundo tem suas qualidades e defeitos. Cada situação é uma situação e o papel da sorte é subestimado no mundo dos negócios e no sucesso.
O que ninguém imagina sobre você?
Sou tímido e não tenho vida social. Muitos imaginam que eu sou extrovertido. Nada mais equivocado.
Habilidade que deseja desenvolver no futuro?
Estou muito focado em me aprofundar em psicologia, com destaque para a psicologia positiva. Tenho me dedicado nas horas vagas ao tema, mas estou construindo um futuro onde possa me dedicar mais e, quem sabe, profissionalmente. A mesma coisa para mentoria e advisory. A quantidade de pessoas que procuram meus conselhos é grande e o feedback é frequente de que eu deveria me dedicar profissionalmente a ajudar às pessoas e empresas.
Qualidade pessoal que se orgulha?
Humor, gostar de ajudar as pessoas e, contradição em termos, humildade.
Uma frase que te inspira?
Quando perguntado como ele calculou a gravidade, Isaac Newton respondeu: “pensando continuamente nela”. O poder de focar em uma coisa, de ter paciência, pensar muito a respeito e gastar energia naquilo é subestimado.
O que você mais gosta na visão e estrutura funcional do Iloa?
O ILOA influenciou muito a Barra de São Miguel, ajudando a cidade a se tornar um destino conhecido nacionalmente. Até a crise do COVID eram 270 empregos gerados em uma cidade de 6.000 habitantes. Várias famílias dependiam e dependem do ILOA. Vi muitas pessoas sem perspectiva crescerem na vida e abrir os horizontes, comprando imóveis, automóveis, viajando e fazendo faculdade. Também tenho orgulho de ter conseguido criar um belo produto em uma área sem grande valor e atratividade comercial e longe da praia. Tudo baseado em técnicas que podem ser replicados por outros negócios.
Qual conselho você daria para sua versão mais jovem?
Feito é melhor do que bem feito. Não perca tempo demais planejando, querendo fechar todas as lacunas e prever as reações. Se a decisão for reversível, faça rápido, avalie e corrija o rumo.
Uma reflexão própria que tem guiado sua vida? Pode ser um conselho, uma frase de efeito, algo que você mesmo criou e adotou como lema de vida.
Meu lema de vida é reunir, simplificar e difundir conhecimento, colocando as pessoas em contatos com idéias que podem mudar as suas vidas.
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