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Modelo alternativo de hospedagem conquista perfil de viajantes de curta distância
Mercado de short stay apresenta crescimento, mas exige cuidados e recursos da hospitalidade tradicional
O mercado de aluguel de curta temporada, conhecido como short stay ou short term rental, tem se destacado como uma opção cada vez mais atrativa para investidores e proprietários de imóveis. Com a flexibilidade e potencial de rentabilidade, o modelo tem ganhado força, principalmente em destinos turísticos e centros de negócios.
A popularização das plataformas digitais e as novas tendências de viagens de curta distância, de até 500 km, em alta nos últimos cinco anos, segundo dados do Airbnb, têm aquecido a demanda por acomodações flexíveis, tanto para lazer quanto para trabalho.
“Em 2023, hóspedes no Airbnb viajaram para mais cidades do que nunca: foram mais de 2.330 cidades visitadas, número recorde no Brasil”, conta Fiamma Zarife, diretora geral da plataforma na América do Sul.
“Opções de acomodações disponíveis para todos os tipos de viagens possibilitam que viajantes descubram novos lugares e que encontrem, na plataforma digital, estadias que atendam às necessidades específicas de suas viagens, seja a lazer ou a trabalho”, completa a diretora.
O que torna um imóvel atraente para locatários de curta duração?
A preocupação com a hospitalidade é um fator super importante para que um imóvel possa se destacar entre os locatários. Afinal, no modelo de short stay, o consumidor procura um padrão de atendimento e serviço muito similar ao de um hotel.
“O anfitrião pode adequar sua acomodação, bem como a recepção dos hóspedes, para tornar seu espaço um ‘preferidos dos hóspedes’, seleção que ganha o selo com base em avaliações, comentários e confiabilidade de outros hóspedes que já tenham reservado o espaço anteriormente”, explica Fiamma sobre um dos recursos para atribuir credibilidade aos imóveis cadastrados.
Além disso, o proprietário ou administrador do imóvel deve garantir o conforto do locatário, colocando a limpeza e organização do espaço como prioridade e tendo alguém à disposição para prestar assistência durante o período de estadia e auxiliar com questões relacionadas ao check-in e check-out, como pontua Ilana Soria, gerente comercial no Expedia Group.
“Oferecer serviços como check-in automático, kit de boas-vindas, café da manhã, ou dicas locais pode melhorar a experiência do hóspede. Ter uma boa administração ou gestão profissional, com respostas rápidas e eficiência na resolução de problemas, melhora a experiência do hóspede e resulta em melhores avaliações”, destaca.
Outro ponto essencial é o marketing e a estratégia de precificação conforme a demanda local, que pode aumentar significativamente a visibilidade do imóvel nas plataformas digitais, como explana Gabriel Fumagalli, cofundador e CEO da Xtay.
“Investir em fotografias de alta qualidade e descritivos atraentes para as plataformas de locação faz uma grande diferença na hora de captar a atenção dos locatários. Bons anúncios, bem posicionados e com uma comunicação clara, ajudam a destacar o imóvel no meio da concorrência”, diz Gabriel.
Consenso entre os executivos, imóveis em regiões próximas a pontos turísticos, centros de negócios ou de fácil acesso ao transporte público também tendem a ser mais procurados para locações de curta temporada, sendo indicados para investidores e proprietários apostar em imóveis em áreas de alta demanda.
E para os investidores?
Com o uso da tecnologia, milhões de pessoas podem locar seus imóveis e se beneficiar economicamente do mercado da hospitalidade. Uma grande chance para quem tem empreendimentos em pontos estratégicos para locações curtas gira em torno dos eventos e datas festivas do país.
Dados do Airbnb revelam que o Carnaval de 2024, gerou um aumento de 136% nas buscas por acomodações realizadas por hóspedes de todo o mundo com destino ao Brasil. O show da Madonna, em Copacabana, fez aumentar em 1.000% as buscas por acomodações no Rio de Janeiro.
“Os grandes eventos potencializam o fluxo de turistas para as cidades, incluindo bairros próximos de onde eles acontecem e é mais uma oportunidade para donos de imóveis gerarem uma renda extra”, ressalta Fiamma.
Para Ilana, como o proprietário não depende de um único locatário e pode diversificar e atender a diferentes perfis, outros benefícios podem ser observados, como maior controle sobre o imóvel, manutenções frequentes e reajustes de preços.
“Aluguéis de curta duração costumam ter diárias mais altas do que os contratos de locação de longo prazo, o que pode gerar maior rentabilidade, especialmente em regiões turísticas e de grande fluxo de negócios. O proprietário tem maior liberdade para ajustes e flutuações de valores de diárias de acordo com a demanda do mercado”.
O modelo de short stay permite ainda maior flexibilidade operacional e redução do risco de inadimplência, condições muito relevantes para aumentar a rentabilidade e assegurar a qualidade do serviço ofertado.
“O proprietário pode escolher períodos de locação, ajustando conforme suas necessidades ou estratégias de mercado. Os pagamentos no short stay são feitos de forma antecipada, eliminando o risco de inadimplência comum em contratos de longo prazo”, afirma Gabriel.
Licenças e legislações para o mercado
Embora o futuro do short stay se mostre promissor, o setor exige atenção às mudanças legais e ao comportamento do consumidor. Ilana menciona que algumas cidades e empreendimentos residenciais podem dispor de normativas e regras que limitam a prática.
“Algumas cidades/países possuem regulamentações específicas para aluguel de curta temporada, que podem limitar o número de dias de aluguel ou exigir licenças específicas. Alguns condomínios estabelecem regras internas que podem restringir a prática de aluguel de curta duração”, frisa Ilana.
Além disso, Gabriel Fumagalli alerta que a ausência de uma legislação federal específica para o setor no Brasil cria incertezas, e muitos proprietários ainda não declaram seus rendimentos de forma correta, o que pode gerar complicações fiscais.
“Algumas cidades podem vir a exigir licenças específicas e cumprimento de normas, e até mesmo recolhimento de tributos, como o ISS. O setor de hotelaria tradicional exerce pressão para uma regulamentação mais rígida do mercado de aluguel de curta temporada, o que pode levar a mudanças nas exigências legais em breve”, indica Gabriel.
O mercado do short stay e todo seu potencial será um dos temas abordados durante o IMOBTUR, seminário da ADIT Brasil que reunirá diversos meios de hospedagem, plataformas e operadores de aluguel por temporada, OTAs, startups de tecnologia e investidores para discutir o futuro da hospitalidade. O evento acontecerá dia 28 de novembro, em São Paulo. Inscreva-se aqui.
- Por Maíra Sobral – Coordenadora de conteúdo na ADIT Brasil
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