Por Marcos Kahtalian, sócio-fundador Brain Inteligência Estratégica,

A Brain lançou em março deste ano o documentário Terreno de Mudanças, entrevistando 44 personalidades do mercado imobiliário brasileiro. Os principais líderes do setor, loteadores, redes de hotelaria, shopping center, incorporadores, dirigentes de entidades, empresários dos ramos de logística, finanças e mercados corporativos puderam refletir sobre qual foi o impacto da pandemia em suas atividades, as lições aprendidas e o futuro de seu setor.

Além da reflexão sobre os momentos dolorosos, sobretudo no início da decretação da pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2020, quais foram os impactos percebidos no setor? Quais foram os ganhos e perdas?
Aqui seguem algumas conclusões do documentário:

• Loteamentos – Talvez o setor mais impactado favoravelmente pela pandemia, foi bastante impulsionado pela alta demanda das famílias, sobretudo de maior renda, que passaram a ver no lote, inclusive mais distante dos centros urbanos, uma possibilidade de construção de sua nova moradia. Dado o hibridismo do trabalho, ainda hoje essa tendência se manifesta.
• Incorporação – Uma revalorização da casa, do morar, com apetite para novos ambientes e reformulação dos espaços. O setor cresceu muito durante a pandemia, tanto impulsionado por uma taxa de juros muito baixa (2% Selic) quanto por uma expansão do crédito e pela mudança dos novos hábitos que pediram mudanças: incorporação de janelas mais amplas, grandes sacadas, mais áreas verdes, espaços completos para home office, maior valorização da área de lazer.
• Hotelaria – Afora o impacto paralisante durante grande parte da pandemia, o setor vive um boom, com taxas de ocupação e tarifas em alta, uma demanda reprimida por eventos, encontros presenciais, e pelo turismo de lazer, que passa a ser cada vez mais indispensável para a sociedade brasileira. A hotelaria também redefiniu seu mix, suas segmentações, incorporando o “bleisure”, isto é, o “business” e o “leisure” como grandes fatores de expansão.
• Logística – Sem dúvida o maior beneficiário do isolamento, pois “tudo” passou a demandar uma logística mais próxima, mais rápida e mais intensa. Não à toa o setor passa por vacâncias muito baixas e grande elevação do preço, visto que o consumidor não tolera entregas demoradas e as empresas confiam cada vez mais em seus canais eletrônicos.
• Shoppings – Também muito impactados no início, pois pela primeira vez experimentaram o fechamento de suas atividades, os shoppings não só passaram a fortemente incorporar o canal eletrônico, mais ampliaram o mix de serviços e a lógica de ser um local de lazer, de entretenimento, de experiências de compra, com uma forte consolidação do setor e ampliação do ecossistema do shopping.
• Escritórios – Muito impactados, hoje, tornaram o “híbrido” o novo normal. Quando poderíamos imaginar que conseguiríamos trabalhar à distância durante alguns períodos do nosso trabalho? Resultado: os escritórios precisaram se reinventar, para ficar mais atraentes, mais produtivos, mais convidativos às novas dinâmicas do trabalho.

Tudo isso e muito mais, pois cada líder entrevistado traz ensinamentos não apenas sobre o que ficou, mas, sobretudo, como enxerga o futuro da atividade. Vale a pena ver, porque um evento como a pandemia foi altamente transformador e, sem dúvida, tivemos uma transformação em nossas atividades, nas nossas vidas e no que podemos esperar delas.

Foi um momento duro, mas conseguimos, dada a ameaça do vírus, superá-lo. Aprender as lições, resgatar a memória do ocorrido, foi nosso desejo. Esperamos que você também se inspire nesses líderes que mostram os caminhos do setor. 

Marcos Kahtalian é graduado em Comunicação Social pela UFF, pós-graduado em Administração pela FAE Business School, mestre em Multimeios pela Unicamp e doutor em Semiótica pela PUC-SP. Além de Sócio-Fundador da Brain Inteligência Estratégica, ele é Vice-Presidente de Banco de dados do Sinduscon – PR, professor de cursos de pós-graduação e MBA em Marketing e Estratégia e autor do livro Gestão Fora do Eixo.