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A concepção de produtos em hospitalidade em 6 etapas
Arquiteto conta os pontos cruciais no desenvolvimento de hotéis, resorts e empreendimentos de multipropriedade
A concepção de produtos em hospitalidade envolve todo um processo de desenvolvimento e criação de serviços, experiências e facilidades que atendam às necessidades e expectativas dos hóspedes em ambientes como hotéis, resorts, empreendimentos de multipropriedade, restaurantes, spas e outros estabelecimentos de hospitalidade.
Esse processo envolve uma compreensão profunda do público-alvo, tendências de mercado, concorrência e das próprias capacidades da empresa, mas sobretudo do projeto pensado pelos incorporadores e desenvolvedores. O arquiteto Thomas Michaelis, especialista na concepção deste tipo de produto, explica as principais etapas do processo.
“A gente divide em algumas etapas que são localização, programa, implantação, quartos, fluxos e fachada. Na verdade, não é exatamente nessa ordem e também não são fases que tem um limite muito rígido. Tem sempre uma coisa que se permeia entre uma e outra”, conta Michaelis.
Sendo assim, o especialista afirma que exceto pela localização, que dificilmente sofre mudança após o início do projeto, e pelo programa que tende a ser desenvolvido logo após a definição da localização, as demais etapas são elementos que ora aparecem no início do processo ora vão para as definições finais.
Entendendo a proposta do projeto de hospitalidade
Uma vez sabendo que não existe uma ordem fixa de desenvolvimento de todas as etapas, é necessário entender o que é realizado em cada uma delas. Para isso, reunir informações e responder algumas perguntas fará total diferença na conceitualização do projeto de hospitalidade, especialmente no que se refere à localização.
“A gente precisa entender onde é o terreno, né? Se uma montanha, uma praia, que atrativos que a gente tem, se tem um atrativo natural, se tem um atrativo artificial. Isso é bastante importante, porque acaba norteando o empreendimento como um todo. Assim a gente consegue entender que base a gente precisa fornecer para que o empreendimento se integre a essa localização”, destaca Michaelis.
Já na etapa do programa, quanto mais informação disponível, melhor para o processo de desenvolvimento do empreendimento. Ele deve responder se o destino é frio ou quente, se exige uma piscina coberta, se o perfil de hóspede precisa de uma área kids, se deseja ter uma área de games, entre outras perguntas sobre espaços de uso e convivência.
“Quando a gente tem a localização, a gente também recebe um programa, com quantos quartos vão ser, quais são as áreas efetivas de lazer, áreas internas e externas. Analisamos a temperatura local, se é um lugar que chove muito, se não chove. Então a gente coloca muita informação em cima da mesa para poder mentalizar o processo de desenvolvimento do trabalho”, ressalta o arquiteto.
Se tratando da implantação, questões como orientação e acesso são avaliados para garantir que o empreendimento seja bem-sucedido e atenda às necessidades dos usuários. O objetivo é otimizar o layout e a distribuição dos espaços, o que pode incluir mudanças na posição do edifício, das áreas de lazer e estacionamento, por exemplo.
Delineando a logística e disposição do produto
Na parte de detalhamento da infraestrutura, a etapa dos quartos corresponde a uma das mais importantes, segundo Michaelis. Um dos princípios utilizados é entender como entregar a menor área construída com o visual mais atrativo e os recursos mais interessantes para os hóspedes.
“A gente é muito concentrado nisso, o quarto para nós é muito importante, com todas as facilidades e confortos possíveis. É uma família que vai usar, então temos que entender quanto tempo que ela fica lá dentro ou quando chove o que acontece no prédio, se tem algum lazer interno ou não”, exemplifica.
“Vamos imaginar que qualquer metro quadrado que você tira do quarto no final, você tem uma economia bastante considerável no empreendimento como um todo sendo ele um, dois, 10 ou 500 quartos. Então para nós o empreendimento tem que ser muito racional, por maior a liberdade que a gente tenha, sempre vai ter isso como filosofia”, completa o especialista.
Já os fluxos de serviços, técnicos e de hóspedes são administrados a partir do número de quartos por andar. Assim, o tamanho da rouparia e copa deve ser adequado a quantidade de utensílios armazenados e de colaboradores que vão usá-los, bem como o acesso aos shafts e prumadas precisa ser prático e seguro para os profissionais autorizados.
Por outro lado, existe a preocupação de que o trânsito dos hóspedes a lazer não coincida com os espaços executivos e de convenção, por exemplo, nem que os trajetos entres as áreas comuns, elevadores e andares cause confusão.
“Então esses fluxos têm uma demanda quase que invisível para o hóspede, mas a gente também pensa em todo o fluxo dos colaboradores, o quanto eles andam para chegar nos lugares com eficiência e o que a gente pode promover para que tudo isso seja mais confortável”, destaca.
Por fim, a etapa da fachada pode ser idealizada antes de tudo e ir se moldando conforme as demais etapas se desenvolvem. Ela deve convergir para o alinhamento total da localização, do programa, da implantação, dos quartos e dos fluxos.
“A fachada nasce talvez antes de tudo e vai se moldando. Existe uma expectativa estética que vai acompanhando o movimento. É um trabalho de todas as etapas, são itens que navegam de mãos dadas e o tempo todo vão sendo ajustados, ora por uma questão estética, ora por uma razão mais imperativa, mas sempre de uma maneira muito rápida”, conclui Michaelis.
Para continuar aprendendo sobre a concepção de produtos de hospitalidade pela visão de Thomas Michaelis e outros especialistas participe do curso “Tudo sobre timeshare, multipropriedade e clubes no Brasil e no mundo”, que acontecerá no dia 21 de maio, das 8h às 18h, no Tauá Resort & Convention em Atibaia, São Paulo.
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- Por Maíra Sobral – Analista de conteúdo da ADIT Brasil
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