Sites para locação de imóveis para curta permanência estão transformando a hospitalidade e aumentando nível de exigência dos hóspedes

O modelo de aluguel de curta temporada transformou a forma como as pessoas viajam, mas também a dinâmica de competição e gestão de propriedades. Impulsionado por plataformas digitais como Airbnb, Booking e Expedia, entre outras ferramentas tecnológicas, o mercado da hospitalidade ganhou um ar moderno e ainda mais exigente.

De acordo com Murilo Cavaggioni, da Terracotta Ventures, essas plataformas democratizaram o mercado ao permitir que pequenos proprietários compitam com grandes players globais.

“As plataformas digitais, como Airbnb e Booking, se tornaram as principais formas de distribuição para soluções de short stay. Elas proporcionam uma experiência fluida na busca e reserva de acomodações, além de oferecerem confiança e garantias tanto para proprietários quanto para usuários”, afirma Murilo. 

A concorrência cada vez mais especializada elevou o padrão de qualidade dos serviços e imóveis, colocando a experiência do usuário no centro das operações. Por isso, ferramentas como a precificação dinâmica, se tornaram indispensáveis para maximizar a ocupação e a rentabilidade, conforme a flutuação da procura entre as altas e baixas temporadas.

“Essas soluções permitem que os proprietários ajustem automaticamente os preços com base na demanda e na concorrência, aumentando a taxa de ocupação e maximizando o rental yield — medida de rentabilidade do investimento —, o que se tornou um diferencial importante em um mercado cada vez mais competitivo”.

Além de ampliar a oferta de imóveis, essas plataformas trazem um uso prático e ágil para os usuários, promovendo confiança com as recomendações e notas dadas pelos próprios hóspedes diretamente nos sites, de modo simplificado e intuitivo.

“Ao mesmo tempo, a transparência proporcionada pelas avaliações públicas gera uma pressão constante para manter padrões de qualidade elevados, estimulando os proprietários a aprimorarem continuamente seus imóveis e serviços. Isso cria um ambiente ainda mais competitivo, onde a experiência do usuário torna-se o foco principal dos administradores de propriedades”, destaca o executivo.

A era das avaliações para o turismo e a hospitalidade

Um fator crucial para se destacar e garantir uma taxa de ocupação alta é entender as ferramentas e dinâmicas das plataformas digitais, que operam como vitrines globais para a locação de curta temporada.

Mais do que apenas cadastrar o imóvel, usar a tecnologia a favor do espaço pode fazer a diferença para o seu sucesso entre o público. Preencher corretamente a descrição do local, sem esquecer de nenhum benefício e ser claro com os serviços oferecidos pode tornar o imóvel mais interessante.

Comodidades como uma boa conexão com a internet, ar-condicionado e uma decoração funcional são essenciais para destacar o imóvel nas plataformas. A limpeza e a manutenção também não podem ser negligenciadas por quem quer um empurrão do algoritmo para estar no ranking das melhores hospedagens, aconselha Ilana Soria, gerente comercial no Expedia Group.

“Imóveis próximos a pontos turísticos, centros de negócios ou de fácil acesso ao transporte público tendem a ser mais procurados. Investimento em decoração, Wi-Fi de alta velocidade, TV a cabo e ar-condicionado fazem o imóvel se destacar nas plataformas. Além disso, manter o imóvel sempre limpo e em bom estado de conservação é essencial para garantir boas avaliações e aumentar a taxa de ocupação”, ressalta Ilana.

Gabriel Fumagalli, CEO da Xtay, explica porque as boas avaliações são decisivas para atrair novos hóspedes e fidelizar clientes. Para ele, a tecnologia pode ser aplicada inclusive no próprio imóvel, como um atrativo a mais para os viajantes que vivem conectados e não dispensam a praticidade na hora de se hospedar.

“Oferecer uma experiência positiva, com atenção ao atendimento e aos detalhes, aumenta a probabilidade de receber feedback positivo, o que impacta diretamente na taxa de ocupação. Facilidades tecnológicas como check-in e check-out automatizados, fechaduras eletrônicas, e atendimento ao hóspede por meio de aplicativos ou chatbots proporcionam uma experiência mais ágil e sem burocracia, algo muito valorizado no short stay”, comenta.

Transformações digitais da hospitalidade nos negócios

Esses avanços também trazem benefícios para os anfitriões, que podem gerenciar seus imóveis de forma mais eficiente. Ferramentas de automação permitem que proprietários reduzam custos operacionais e otimizem o tempo dedicado à gestão, aumentando o retorno sobre o investimento.

Para Fiamma Zarife, diretora geral do Airbnb na América do Sul, esse modelo de plataforma atende a diferentes perfis de hóspedes e momentos de viagem. Essa flexibilidade tem sido fundamental para o crescimento do turismo e da economia local, conectando anfitriões a viajantes em busca de experiências únicas.

“O Airbnb permite a conexão direta entre viajantes em busca de acomodação e pessoas interessadas em alugar seu quarto ou imóvel disponível para obter uma renda extra. Com o uso da tecnologia, milhões de pessoas podem compartilhar seus lares e se beneficiar economicamente de sua hospitalidade”, defende Fiamma.

O short stay, impulsionado pelas plataformas digitais e pelos avanços tecnológicos, está redefinindo a hospitalidade. O modelo de negócio se tornou um ecossistema, desenvolvido a partir da inovação, competitividade e experiência do cliente.

Proprietários que desejam se destacar nesse mercado precisam investir não apenas em imóveis bem localizados e equipados, mas também em uma gestão profissional e em soluções tecnológicas que tornem a experiência do hóspede personalizável.

A relação entre hospitalidade, o comportamento dos viajantes e o mercado do short stay será abordada durante o Imobtur’24, seminário da ADIT Brasil que reunirá diversos meios de hospedagem, plataformas e operadores de aluguel por temporada, OTAs, startups de tecnologia e investidores para discutir o futuro da hospitalidade. O evento acontecerá nesta quinta-feira (28), em São Paulo. Inscreva-se aqui.

• Por Maíra Sobral – Coordenadora de conteúdo na ADIT Brasil