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Projetos imobiliários precisam de transparência e caixa consolidado para conquistar investidores
Webinar da ADIT tratou das alternativas de funding, expectativas do mercado e melhores práticas para captação de recursos para empreendimentos
As alternativas de funding para projetos imobiliários foi tema do webinar gratuito realizado pela ADIT Brasil, na última quarta-feira (09), que contou com a moderação de Carlos Ferrari, do NFA Advogados, e participação do Yannick Bergamo, da Iridium, Robson Bhering, do Santander, e André Masetti, da XP Asset Management.
Os especialistas discutiram as diversas formas de financiamento disponíveis para empreendimentos no Brasil e as principais estratégias de captação de recursos, além dos desafios enfrentados pelos incorporadores.
Eles explicaram como funcionam os mecanismos de funding para o setor imobiliário, com destaque para os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e fundos imobiliários como opções alternativas ao financiamento bancário tradicional — especialmente após a retração da poupança, que tem impactado o volume de crédito disponível.
“Não é uma questão da poupança deixar de existir, mas o consumo que ela tem tido nos últimos anos é muito maior do que o crescimento. Então, naturalmente o mercado cada vez se volta mais para funding vindo de fontes de tesouraria e fontes de mercado, digamos assim”, comentou Bhering.
- Assista a gravação do webinar:
Critérios para atrair os investidores
Tanto os fundos imobiliários quanto os CRIs exigem dos incorporadores uma sólida organização financeira. Transparência e fluxo de caixa consolidado são fatores cruciais para que gestoras de fundos e bancos avaliem os projetos.
Segundo Masetti, esses aspectos são cruciais para a garantia de que o incorporador terá capacidade de cumprir com seus compromissos financeiros, minimizando os riscos para os investidores.
“Para o incorporador se tornar elegível, a gente analisa muito bem o projeto. A gente faz toda a viabilidade financeira, a projeção de fluxo de caixa da obra considerando premissas de custo, etc. O incorporador tem que ser organizado, não necessariamente grande, mas ter uma boa contabilidade, números organizados”, disse o sócio e gestor da estratégia de Fundos Imobiliários da XP Asset.
“A gente leva muito em consideração o histórico. Outro ponto de atenção é a praça onde esse projeto vai ser desenvolvido. A gente faz na medida do possível pesquisas mercadológicas para saber se aquela tipologia de produto tem uma boa absorção na região”, completou o executivo.
Dessa forma, os investidores esperam ver um planejamento financeiro robusto, com margem de segurança que permita o sucesso do projeto mesmo em um cenário econômico desafiador. Portanto, com a alta das taxas de juros e a pressão inflacionária, os projetos bem estruturados são os que têm maior chance de captar recursos.
Perspectivas para curto e médio prazo
Com os desafios impostos pela alta dos juros e pela inflação, Bergamo acredita que bons projetos continuarão a atrair funding, mas a cautela será ainda maior, visto que o cenário econômico gera maior incerteza e insegurança para os investidores.
“Os fundos vão depender um pouco mais do volume de recursos que vão voltando de outras operações. E aí acho que é ser cada vez mais seletivo, porque é uma quantidade de dinheiro finito para uma quantidade bem grande de oportunidades que aparecem. Outro grande desafio é o CDI muito elevado, isso acaba desestimulando”, enfatizou.
“Quem vê o mercado caindo fala ‘por que eu vou ficar pegando toda essa volatilidade se eu posso ficar num CDB e ganhar mais de 10% ao ano isento’. Então, eu acho que vai ter uma certa retração de funding disponível no geral nos próximos meses enquanto essa situação não clarear um pouco”, afirmou Bergamo.
- Por Maíra Sobral – Coordenadora de conteúdo na ADIT Brasil
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