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Proptechs transformam indústria imobiliária utilizando a inovação como modelo de negócio
Proptechs apostam na tecnologia para antecipar o futuro do real estate
As startups estão mudando o modo de fazer negócios no setor imobiliário a partir da oferta de diferentes serviços e vantagens, tanto para quem compra quanto para quem vende. De tão populares no segmento, esse tipo de empresa já tem nome próprio, são as proptechs, do termo property technology.
Essas tecnologias servem para antecipar o futuro do mercado imobiliário, facilitar a busca e avaliação dos melhores investimentos e agilizar os processos burocráticos que envolvem compra, venda, aluguel e demais transações imobiliárias.
As soluções utilizam experiências personalizadas para cada perfil de cliente, apostando em ferramentas como realidade virtual, inteligência artificial, automação residencial e diversas outras. Com essa proposta, as proptechs prometem transformar ainda mais a forma como a sociedade compra, vende e vive.
Entendendo o modelo de negócio
Embora a tecnologia seja a base principal das proptechs, existe outra premissa que faz com que o projeto alavanque ou não: os investimentos — que por sua vez exigem uma qualificação alta das soluções oferecidas.
“O pessoal pensa muito em startup como empresa de tecnologia, na verdade é um modelo de negócio. Você investe numa empresa que tem um modelo de negócio inovador. Ou seja, arriscado, né? Porque a empresa está fazendo algo diferente, pode dar certo, pode dar errado”, elucida Marcus Anselmo, cofundador da Terracotta Ventures.
“Então o investidor, que é o venture capital, como a Terracotta, investe dinheiro nessa empresa para ela tentar algo diferente. Conforme ela vai acertando, ela vai recebendo mais dinheiro”, completa.
Utilizando esta estratégia para sair na frente do mercado e aumentar as chances de conseguir um investidor que alavanque a empresa, o modelo de negócio se torna responsável pela modernização não só de processos dentro do real estate, mas em toda a indústria envolvida.
Para Flávia Blanco Tissot, sócia do grupo OSPA e cofundadora da plataforma PLACE, as proptechs são fundamentais para levar tecnologias, muitas vezes de outros setores da cadeia produtiva, para a construção civil, por exemplo, que segundo ela ainda carece muito de inovação.
“O contexto multidisciplinar de muitas proptechs também facilita isso: cruzamento com economia, arquitetura e experiência do usuário possibilita a disrupção ainda maior na experiência do consumidor e facilita o acesso a novas ferramentas”, enfatiza Flávia.
Contribuição para toda a indústria do setor imobiliário
Na prática, Flávia conta como o uso de dados potencializa a indústria imobiliária, fornecendo informações bem específicas para a necessidade do setor. No caso da construção civil, dados geolocalizados, por exemplo, ajudam a identificar o tipo de produto mais adequado para cada região.
“Esses dados também podem ser úteis para o setor financeiro, permitindo uma melhor alocação de recursos com base no entendimento do mercado, ou para o setor de seguros, ao utilizar os mesmos dados para análise de riscos e mapeamento de recursos”, revela a executiva.
Segundo Marcus, no setor financeiro o potencial de impacto das proptechs pode ser ainda maior, uma vez que o mercado imobiliário é um dos principais ativos globais.
“Existem quatro vezes mais ativos imobiliários no mundo do que ações de empresas de capital aberto. E você digitalizar essa classe de ativos, e estou falando desde o terreno do empreendimento, você tem potencial de gerar muita operação financeira em cima disso”, afirma o cofundador da Terracotta.
A consolidação e o futuro das tecnologias para o mercado imobiliário
Marcus acredita que as startups têm que resolver um problema do mercado para que tenham potencial de consolidação. Para ele, são as soluções inovadoras que se tornam tendências para o futuro e transformam o perfil dos consumidores.
“Pensa no Uber. Quando ele veio para o Brasil, a nossa experiência com táxi era ruim, era pouco acessível, era muito difícil. E a Uber conseguiu mudar essa lógica, se tornou um padrão e criou até um tipo de transporte que não existia entre o ônibus e o táxi”, exemplifica.
Para ele, o importante é estar acompanhando e analisando o impacto disso no negócio. “Esse talvez seja um desafio porque o empresário do setor imobiliário tende a pensar muito no negócio do jeito que é, e não no jeito que deve ser e das oportunidades que podem surgir disso”, alerta Marcus.
Flávia corrobora o argumento e destaca que o futuro do setor está no entendimento, de ponta a ponta das dores do cliente; seja essa relação de venda de empresas para empresa (b2b) ou de empresa para pessoa física (b2c); no uso da inteligência artificial e na integração com outros softwares e outras bases de dados.
“Nós, por exemplo, temos integração com várias outras proptechs do mercado e bases de dados de diversas fontes, e o uso de inteligência artificial para mapeamento e entendimento destas informações, o que entendo ser muito importante para a usabilidade e o cuidado com o usuário”, relata.
Por outro lado, Flávia comenta que desenvolvedores e consumidores finais devem começar se inteirando sobre a cultura da inovação. Isto pois, mesmo que as novas tecnologias pareçam meio distantes ou futuristas, é importante entender como elas podem ser úteis no dia a dia, tanto para quem está construindo quanto para quem está comprando.
“Empresas como o Quinto Andar e o Airbnb são exemplos de como a inovação pode mudar o jogo no mercado imobiliário, assim como o uso de ferramentas como o ChatGPT em situações cotidianas. No início do PLACE tivemos muitas incorporadoras que começaram a utilizar para experimentar e hoje são usuários assíduos”, conclui Flávia.
- Por Maíra Sobral – Analista de conteúdo na ADIT Brasil
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