Artigos / Matérias
Roland de Bonadona é homenageado no ADIT Hotel
São Paulo, novembro de 2018 – Após oferecer debates sobre assuntos capitais para o setor de turismo e hospitalidade, o ADIT Hotel – Seminário sobre Desenvolvimento e Investimentos Hoteleiros, ocorrido no dia 5 de novembro no Hotel Pullman São Paulo Vila Olímpia, foi encerrado com uma homenagem a Roland de Bonadona. Ele recebeu da ADIT Brasil – Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil o prêmio “Legado ADIT – Uma vida que vale a pena ser vivida”.
Nascido na França, Bonadona chegou ao Brasil em 1990 trabalhando na AccorHotels. Ganhou fama ao comandar o projeto que consolidou o Grupo Accor na liderança do mercado hoteleiro nacional e o Brasil como a terceira maior praça da companhia. Ao final de uma carreira de 42 anos na Accor, o executivo fundou em 2015 sua consultoria para grupos hoteleiros e imobiliários, a Bonadona Hotel Consulting.
Em vez de protocolar, a premiação ofereceu um bate-papo descontraído com as participações de Orlando de Souza (FOHB), Abel Castro (AccorHotels) e Antônio Setin (Setin Incorporadora) – profissionais que conviveram com Bonadona durante sua trajetória no país. “Sinto-me honrado e comovido com a homenagem”, ressaltou o executivo.
À ADIT Brasil, Bonadona concedeu a seguinte entrevista:
O senhor está completando 28 anos no Brasil. Como se deu sua chegada ao país?
Eu já trabalhava no Grupo Accor, no desenvolvimento da marca Sofitel na Europa. Em 1990, fui transferido para cuidar da implantação e do desenvolvimento do Sofitel no mercado brasileiro. Já conhecia o país, tinha feito uma viagem mais ou menos um ano antes para conhecê-lo com intenção profissional e turística. A transferência para o Brasil foi um pedido meu, eu tinha esse interesse. A Accor já tinha uma atividade importante no país.
Como foi sua adaptação ao novo lar?
Cheguei aqui em 15 de março de 1990. Foi o dia da posse do (Presidente Fernando) Collor e também o dia do confisco (da poupança). Então, aprendi muito rapidamente o que pode acontecer no Brasil. É um país de contrastes, de paradoxos. Um país de futuro brilhante, de muito potencial, mas também de muitos acidentes de percurso, que nos fazem correr atrás de sonhos com dificuldade de chegar lá. Porém, nunca desisti. Passei por Plano Collor I, Plano Collor II, que foram bastante complicados para os negócios… Eu poderia ter voltado após três ou quatro anos, para tocar outros projetos, mas fiquei. E estou aqui até hoje.
A quais fatores o senhor credita o projeto bem-sucedido da AccorHotels no Brasil?
A capacidade, junto com minha equipe, de juntar a expertise hoteleira internacional do Grupo Accor, nas áreas de administração, recursos humanos, marketing, com parceiros brasileiros. Porque praticamente todo desenvolvimento a gente fez com parceiros hoteleiros e imobiliários que conheciam muito bem o setor e tinham interesse em desenvolver hotéis, comprar terrenos, construir, trazer investidores. E aí a gente fazia tudo a diversas mãos, criando hotéis de marcas de sucesso com investidores e operadores locais, incorporadoras. A maior parte da equipe sempre foi brasileira, falando a língua local, documentando tudo em português. A gente adapta as regras e as políticas ao Brasil. Esse é um desafio muito grande, porque o Brasil tem modelos que são particulares… É um país muito grande, que domina completamente o continente sul-americano e que trabalha com sistema fiscal próprio, com forte burocracia, regras trabalhistas peculiares, juros altos, que dificultam financiamentos bancários… Diria que o desafio foi encontrar caminhos para crescer de uma forma diferenciada, adaptada ao ambiente de negócios brasileiro.
Que perspectivas o senhor vê para o negócio hoteleiro no Brasil?
Estamos passando por um momento importante, pós-eleições. O candidato eleito se pronunciou de maneira forte a favor do turismo, querendo dinamizar o setor, reconhecendo sua importância em termos de desenvolvimento econômico, investimentos, criação de empregos. Isso é positivo, porque pode facilitar as coisas: a exposição do Brasil no exterior, a vinda de turistas sem tanta obrigação de visto… A esperança é de que mude aquela coisa, de escolhas de Ministros do Turismo sem intimidade com o setor. Temos um mercado hoteleiro bom, com hotéis em todas as cidades. Temos bons hotéis de redes, bons hotéis independentes também. Temos hotéis de lazer de todo tipo, hotéis de todas as categorias de preço. Mas também há necessidade de crescer ainda mais, de modernizar redes, de trazer aqueles modelos novos de hotelaria que estão aparecendo no exterior – hotéis mais abertos, com mais possibilidade de socialização, que interagem com as cidades.
A propósito, qual a sua visão sobre a hotelaria no futuro?
A internet chegou na década de 90, o primeiro smartphone está sendo usado apenas há 11 anos. Então, a evolução da TI é muito recente. No setor hoteleiro essa discussão é muito forte! A geração millennials quer viajar mais, conhecer novos lugares, ou seja, ter experiências. Não por acaso as viagens internacionais vêm aumentando. Portanto, o desafio do setor é ter um planejamento mais focado nas viagens. Antes, o hotel era visto como refúgio. Hoje, tudo é diferente. Vivemos num mundo digitalizado, temos acesso à informação e, por isso, as pessoas querem a imersão, a experiência. Também temos acompanhado o movimento na relação das empresas com os clientes. Antes era a venda de produto, depois passou a ser produto e serviço e, agora, é o relacionamento. Hoje, ficou mais fácil construir esse relacionamento com as informações que estão ao nosso alcance.
Percebe-se apreensão de parcela do setor quanto às condições de empreender. Qual sua opinião sobre o tema?
Os condo-hotéis foram o grande veículo de desenvolvimento das redes no Brasil. Esse modelo vem sendo inibido por iniciativas da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que finalmente decidiu flexibilizar as regras muito rígidas que existiam para se investir em novos empreendimentos. Mesmo assim, acho que não é o modelo ideal, porque encarece bastante o crédito dos hotéis e mexe com a sensibilidade dos investidores que passaram por anos de crise e foram frustrados nas expectativas que tinham em relação ao setor. Ao mesmo tempo aparecem outros caminhos, como a dos fundos imobiliários. Eles trazem uma nova perspectiva e podem injetar ânimo no mercado.
Qual a importância do prêmio “Legado ADIT – Uma vida que vale a pena ser vivida”?
Primeiro, a ADIT Brasil é uma instituição muito importante. Precisamos de entidades assim para difundir conhecimento, as transformações e tendências, além de reunir os atores do setor. Ser reconhecido pela ADIT Brasil como alguém que fez uma contribuição para o setor é algo que muito me toca. É uma satisfação. Convém lembrar uma coisa: tendemos a enaltecer sempre o talento e o percurso de uma pessoa. Mas uma pessoa não faz nada. Quem faz é uma equipe. Sem pessoas muito competentes que trabalharam comigo, nas mais diversas áreas, nada teria acontecido. Compartilho o prêmio com todos os profissionais que participaram dessa história.
Mais sobre Roland de Bonadona
- 68 anos;
- Formado em Administração pela Universidade Paris IX Dauphine; Programa de Gestão Avançada (PGA) no INSEAD;
- Membro do Comitê Executivo Mundial do Grupo Accor;
- Co-fundador e primeiro presidente do FOHB – Fórum dos Operadores Hoteleiros no Brasil, associação de referência para o setor que reúne as principais redes hoteleiras;
- Conselheiro da Câmara de Comércio França-Brasil, entidade que promove o comércio entre os dois países, com 900 afiliados. Exerceu o cargo de presidente durante os anos 2015-2016;
- Conselheiro do Comércio Exterior da França;
- Conselheiro do São Paulo Conventions & Visitors Bureau, associação responsável pela projeção da cidade dentro dos grandes destinos mundiais de entretenimento e eventos;
- Membro do NAT – Núcleo de Altos Temas do SECOVI-SP (Sindicato das Empresas de Compra,Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo).
Informações para imprensa:
2PRÓ Comunicação
Teresa Silva – teresa.silva@2pro.com.br
Myrian Vallone – myrian.vallone@2pro.com.br
Guilherme Kamio – guilherme.kamio@2pro.com.br
(11) 3030-9463 / 9422/ 9403
Mais notícias
-
Novas regras de financiamento da Caixa Econômica Federal devem impactar viabilidade do mercado imobiliário
-
Maior edição do Imobtur fortalece a inovação no mercado imobiliário-turístico
-
Tecnologia e o impacto na eficiência e experiência no aluguel de curta temporada
-
Como os novos hábitos de consumo e estilo de vida transformam os espaços residenciais