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Metodologia Charrette otimiza tempo e custos para projetos imobiliários e urbanos

Planejamento colaborativo é composto por stakeholders envolvidos em todo o processo, acelera entregas e reduz retrabalho
No desenvolvimento de empreendimentos imobiliários, qualquer erro, revisão ou falta de alinhamento entre as partes envolvidas pode gerar custos elevados e atrasos, comprometendo a viabilidade do projeto. A metodologia charrette surge como uma solução eficiente, ao promover uma abordagem colaborativa que reúne todos os atores envolvidos para planejar e definir aspectos importantes do empreendimento de forma integrada.
Diferente dos processos tradicionais, nos quais o escritório de projeto organiza reuniões sequenciais com clientes, projetistas complementares e órgãos reguladores, a charrette consolida todas as partes em um único ciclo de trabalho intensivo.
“Em um processo tradicional, o escritório responsável pelo projeto determina a escala de reuniões com os projetistas complementares, com o cliente, empresas de licenciamento ambiental, etc. Em uma charrette, o processo é colaborativo desde o início, o que resulta em um masterplan com mais viabilidade”, explica Andrew Georgiadis, diretor sênior de projeto da Dover, Kohl & Partners Town Planning.
Além de encurtar os ciclos de feedback, a metodologia charrette reduz significativamente a necessidade de revisões, pois as diversas perspectivas são consideradas em tempo real durante a dinâmica. As charrettes podem ser aplicadas para diferentes tipos de projetos e empreendimentos imobiliários, como bairros planejados, áreas públicas, urbanismo e edificações.
Flexibilidade para diferentes projetos
Um dos principais benefícios na aplicação da metodologia é que ela pode ser adaptada para projetos de diferentes dimensões e complexidades. “As charrettes podem ser mais curtas ou mais longas, públicas ou privadas, algumas podem envolver mais profissionais relacionados à legislação ou contribuições teóricas, outras podem ser mais voltadas à produção de desenhos do plano”, menciona Georgiadis.
Para que os resultados sejam eficazes, é essencial contar com a participação de todos os stakeholders envolvidos no processo. Essa abordagem abrangente é crucial para alinhar as expectativas e garantir a viabilidade técnica, financeira e regulatória do empreendimento.
Entre os principais atores em uma Charrette estão arquitetos, urbanistas, engenheiros, especialistas técnicos, representantes da comunidade, investidores e autoridades públicas.
“Arquitetos e urbanistas trazem soluções inovadoras e práticas, enquanto engenheiros asseguram a viabilidade técnica do projeto. Especialistas em áreas específicas, como sustentabilidade ou biofilia, enriquecem as discussões com perspectivas técnicas e de inovação. Representantes da comunidade são essenciais para compartilhar necessidades locais e garantir que o projeto reflita a realidade dos usuários finais. Investidores analisam a viabilidade econômica das ideias, enquanto autoridades públicas verificam a conformidade com regulamentações e políticas locais”, detalha Guilherme Takeda, diretor da Takeda Design.

Essa diversidade de participantes assegura que as soluções desenvolvidas sejam integradas, factíveis e adequadas ao contexto social, ambiental e econômico do projeto.
Márcia Mikai, diretora da Pentagrama Projetos em Sustentabilidade e Regeneração, reforça que a etapa de planejamento é determinante para o sucesso da metodologia. “Desde a seleção do local ideal com recursos tecnológicos disponíveis, compilação dos dados fundamentais para o projeto, formação de equipe colaborativa com conversas iniciais com os envolvidos para a troca de informações e diálogo, informações gráficas detalhadas e impressas em escalas compatíveis e adequadas, seleção de profissionais ágeis para produção gráfica (digital e artística)”.
Desafios e oportunidades
Mikai ressalta que o contexto brasileiro ainda apresenta desafios significativos, como, por exemplo, em relação aos planos diretores municipais, ao adensamento urbano e outras questões. “A formação tradicional dos arquitetos e urbanistas no Brasil muitas vezes privilegia uma visão autoral de projeto, o que pode dificultar a integração colaborativa. Além disso, enfrentamos limitações em nossa legislação urbanística, como zoneamento rígido e recuos obrigatórios, que muitas vezes inviabilizam soluções inovadoras do Novo Urbanismo”, comenta.
Por outro lado, a metodologia charrette oferece uma oportunidade única para mitigar essas barreiras, promovendo planejamento integrado e soluções adaptadas às particularidades do cenário local.
Por sua vez, Takeda aponta como maior desafio a dimensão continental do Brasil e sua diversidade cultural e geográfica, já que a charrette também tem o intuito de atender às demandas da comunidade e do entorno. “Cada região possui especificidades culturais, sociais e econômicas que exigem um estudo prévio detalhado para compreender a comunidade e adaptar o processo às necessidades locais. Isso implica em diferentes níveis de engajamento e conhecimento técnico, o que pode impactar a dinâmica e a eficácia das sessões colaborativas”, relata.
Ainda segundo Takeda, para superar esses desafios, é essencial realizar pesquisas preliminares para entender o contexto regional e envolver representantes da região, que atuarão como ponte entre os stakeholders externos e os locais.
Em contrapartida, a riqueza cultural também pode revelar um grande potencial da Charrette no país. “A abordagem colaborativa permite integrar soluções personalizadas, conectando projetos às realidades locais e promovendo inovação e eficiência”, completa o diretor da Takeda Design.
Curso da ADIT aborda metodologia de forma prática
E com o objetivo de ofertar uma imersão teórica e prática na metodologia, a ADIT Brasil promoverá duas turmas do curso de Metodologia Charrette, sendo nos dias 20 e 21 no Centro de Convenções do Secovi, em São Paulo (SP), e nos dias 25 e 26 no Auditório do Sinduscon, em Porto Alegre (RS). As inscrições para as duas turmas já estão abertas.
Entre os facilitadores do curso estão os maiores nomes do segmento: Andrew Georgiadis (Dover, Kohl & Partners Town Planning), Guilherme Takeda (Takeda Design) e Márcia Mikai (Pentagrama Projetos em Sustentabilidade e Regeneração).
Os conteúdos terão uma abordagem teórica, técnica e prática, como a introdução à temática, princípios básicos do Novo Urbanismo, adaptações dos princípios à realidade brasileira, tendências e temas relevantes, formatos de charrette, planejamento para mudanças climáticas, abordagem prática com simulação, entre outros.
O curso é voltado para incorporadores, loteadores, urbanizadores, investidores, urbanistas, arquitetos, construtoras, consultorias, escritórios jurídicos, instituições financeiras, entre outros. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas acessando o site da ADIT Brasil.
- Graziela França – head de Conteúdo da ADIT Brasil
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