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IGP-M, Branded Residence e equilíbrio na oferta: confira as principais projeções para o real estate em 2024

Fundador e CEO da Molegolar analisa oportunidades e cautelas para novos empreendimentos
O cenário do mercado imobiliário desponta em 2024 com um campo de possibilidades e soluções a serem exploradas. No panorama econômico, Saulo Suassuna, fundador e CEO da Molegolar, cita o recorde das concessões de financiamentos imobiliários do ano anterior como um dos pontos de otimismo para o setor nos próximos meses.
Isso acontece pois, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), em 2023, foram concedidos R$ 251 bilhões em financiamentos, 4% a mais que em 2022. O valor ficou atrás apenas de 2021.
“Nós estamos otimistas, porque os financiamentos imobiliários bateram recorde, foi a segunda maior taxa da série histórica de financiamento imobiliário. Isso já mostra o aquecimento que tende a ficar ainda maior com a redução dos juros”, observa Suassuna.
“Se não tiver nenhuma surpresa política com essa curva de juros baixos, a tendência é que realmente as vendas aumentem e aumentem a quantidade de empreendimentos”, acredita.
Taxas relevantes para acompanhar
Uma vez citada a baixa na taxa de juros, vale destacar que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação do país, encerrou 2023 em 4,62%, dentro da meta que ia de 1,5% até 4,75%.
Outro indicador importante para o mercado imobiliário, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), que também teve resultados amigáveis, encerrando o ano com queda de 3,18% no acumulado em 12 meses, menor taxa registrada desde o início de sua série histórica.
“O IGP-M, por enquanto, está bem comportado. A gente já viu de outras vezes que em situações de boom, a escassez faz com que ele aumente um pouco, mas, ao mesmo tempo, como a taxa de juros está em queda, talvez isso fique equilibrado”, pontua o empresário.

“Se a gente tivesse com a taxa de juros alta a tendência seria de crescimento do IGP-M em função da escassez e obviamente a oferta e demanda”, explica.
Tendências em primeira residência e branded residence
Em 2023, com o fim oficial da pandemia de Covid-19 e a vida retornando ao padrão de normalidade, incluindo estilo de vida e hábitos de trabalho, lazer e consumo, as tendências também tendem a mudar no setor imobiliário.
Suassuna comenta que, enquanto nos últimos anos a procura por segundas residências aumentou consideravelmente, uma vez que o público passou a buscar alternativas mais reservadas de qualidade de vida, para este ano a busca deve ser outra.
“Eu acho que a segunda residência foi bem abastecida durante o período de pandemia para cá, então acho que tende a ter uma certa acomodação, e a busca por primeira residência vai ocupar mais espaço no mercado” afirma.

Fora isso, a valorização da experiência de moradia com alto padrão ganha destaque com grandes marcas do mundo da moda e do meio automobilístico, por exemplo, entrando para o mercado imobiliário com investimentos luxuosos, com as chamadas “branded residences”.
“Uma tendência muito forte são os branded residences que já são uma realidade nos Estados Unidos, principalmente em Miami, alguns em Nova York, e também nos países árabes, nos Emirados Árabes, no Catar”, conta o executivo.
“Está acontecendo muito essa associação com as marcas, porque se passa uma mensagem de experiência de clientes que está sendo muito valorizada nos imóveis. Os branded residences conseguem traduzir isso de uma forma muito fidedigna. É mais fácil do que o incorporador tentar criar um conceito do zero e tentar passar esse conceito”, enfatiza.
Porsche Design Tower, Residences by Armani Casa e Aston Martin Tower são alguns exemplos de empreendimentos de padrão super luxo que foram lançados em Miami pelas marcas das quais carregam o nome.



“Às vezes só falando o nome de uma marca o cliente já tem aquela experiência na cabeça e já consegue transferir aquilo para o empreendimento e tornar um objeto de desejo e com valores agregados”, diz Saulo Suassuna.
Além do nome grandioso das marcas, o segredo desses empreendimentos para criar a sensação de desejo está também nos serviços oferecidos — que elevam ainda mais o padrão e experiência de satisfação e exclusividade.
“Seja por meio do design, seja por meio de uma consultoria de experiência da jornada do cliente, seja por meio do life style a partir de serviços agregados, como de hotelaria ou simplesmente um spa ou simplesmente uma adega assinada ou uma sala de whisky, um charutaria assinada, coisas desse tipo”, revela Suassuna.
Lições e conselhos para os próximos meses
Estar de olho nas tendências no país e mundo afora não é a única orientação para quem deseja ter sucesso nos empreendimentos durante este ano. É necessário ter estratégia para agir em cada momento do mercado.
Para o empresário, as expectativas ruins para o ano anterior e o planejamento para lidar com um ano pior do que se constatou de fato foi fundamental para que o setor pudesse manter resultados equilibrados.
“Eu acho que estava todo mundo muito pessimista, esperando uma situação muito pior do governo e eu acho que foi bom. O pessoal estava precavido, com isso teve uma redução na quantidade de lançamentos e houve um consumo de estoque existente”, analisa Suassuna.
Para ele, isso se apresenta de forma positiva para o mercado equilibrar oferta e regular preço. “A lição é essa, é sempre bom ter precaução, mas estar preparado para o crescimento, para um momento de boom, ter um estoque ali pronto para aproveitar esse momento”, aconselha.

Aproveitando as lições de 2023, Suassuna defende que os players devem se preparar para os próximos meses mantendo o mesmo equilíbrio entre lançamento de bons produtos, balanceando com o interesse do mercado.
“É importante ter bons empreendimentos, bons produtos já no gatilho, prontos para serem lançados em termos de aprovação, produtos bem concebidos, alinhados com as tendências da atualidade, e ir colocando esses empreendimentos no mercado com parcimônia, com cuidado”, alerta.
Por fim, o empresário explica que é necessário entender o mercado e o que está acontecendo em torno dele no momento.
“Mas surfando essa onda do ponto de vista saudável. É ruim quando o mercado vai todo ao mesmo tempo e cria aquela enxurrada de produtos, uma super oferta no mercado que não é saudável. E aí o preço cai, o que é ruim para todo mundo. Mas com responsabilidade, eu acho que tem tudo para a gente ter um belo ano de 2024”, finaliza.
- Por Maíra Sobral – Analista de conteúdo da ADIT Brasil
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