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Entrevista ADIT: Felipe Cavalcante
“A indústria está muito mais madura”
A ADIT Brasil (Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil), com sede em Maceió/AL, é a principal entidade no país para se tratar sobre os assuntos da indústria de tempo compartilhado. E o presidente da ADIT Brasil, Felipe Cavalcante, é um grande incentivador desse setor. Nessa entrevista ele nos conta um pouco sobre a história da entidade, sua experiência à frente da ADIT e também seu empreendedorismo no mercado imobiliário e turístico, como diretor-presidente da empresa Vivendi Empreendimentos.
Qual a sua formação? Como ingressou no Mercado imobiliárioe turístico?
Sou formado em Marketing e Administração de Empresas, com pós-graduação em Gestão Empresarial, pela FGV. Eu abri empresa de construção e obras públicas em 1995. Depois ingressei no setor de loteamentos e imobiliário. O primeiro grande empreendimento imobiliário – turístico que tivemos foi o Iloa (em Barra de São Miguel/AL), que é um complexo, possuindo componentes imobiliários e de resort, e também o timeshare.
Por que foi fundada a ADIT Brasil? Quais foram as dificuldades no começo? E Quais foram as principais conquistas da ADIT Brasil desde a fundação até hoje?
É uma longa história, completando dez anos. A ADIT foi fundada no nordeste. Havia uma grande onda de investimentos estrangeiros no Brasil, no nordeste, especificamente, por causa do Real desvalorizado, e do grande número de voos que tinham da Europa pra cá. Então, havia muitos estrangeiros querendo comprar grandes áreas para fazer grandes complexos imobiliário-turísticos, bem como um grande volume de vendas de apartamentos para os mesmos, principalmente da Inglaterra, Irlanda, Espanha, Portugal, Itália e Escandinávia. Então, a ADIT foi fundada pelas empresas que trabalhavam com esse segmento no nordeste, e rapidamente teve grande sucesso. O objetivo inicial era organizar esse mercado. E também para a gente se preservar e entender quem eram esses players internacionais que estavam aqui, bem como para fazer com que aqueles investidores sérios soubessem com quem estavam falando e tratando. Nós nos denominávamos de one stop shop, ou seja, em cada Estado do nordeste havia construtoras, incorporadoras, escritórios jurídicos, arquitetos e imobiliárias, que eram nossos associados. Então, rapidamente a pessoa já entrava em contato com empresas sérias no Brasil. Passamos a ser a entidade responsável pela atração de investimentos imobiliários e turísticos para o Brasil, com forte apoio do Ministério do Turismo, Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e Itamaraty. Participamos de feiras e eventos em todos os continentes, e organizamos seminários. E foi realmente uma grande história de sucesso, tanto que as pessoas começaram a sugerir e demandar que nós nos tornássemos uma entidade nacional, e não mais somente regional. Nós também tivemos uma grande participação nas discussões sobre dar mais segurança jurídica para os empreendimentos, principalmente nas questões ambientais.
Um dos empreendimentos da Vivendi Empreendimentos, em que o senhor é diretor- presidente, o Iloa Resort, conta com o programa de timeshare. Por que a Vivendi Empreendimentos decidiu comercializar timeshare? E o que mudou no Iloa Resort desde que começou o vacation club?
Não se trata apenas de vender ou não o timeshare, e sim, de acreditar em um novo modelo de negócio, em que os hotéis de lazer aumentam muito a sua viabilidade com o advento do vacation club. Aumenta- se a fidelidade dos clientes e garante-se um fluxo de caixa inicial que pode fazer a diferença no empreendimento. E investindo esses recursos no próprio empreendimento é um círculo virtuoso, aumenta-se a atratividade do mesmo. As sazonalidades semanais também, ou seja, passa-se a ter pacotes de sete dias. Como presidente da ADIT, faz oito ou nove anos que estimulo o timeshare no Brasil, e hoje, nós sentimos seguros que a indústria está muito mais madura: temos sistema de informática e planejamento tributário já consolidados; os empreendimentos que foram os primeiros formaram grande quantidade de pessoas, de recursos humanos para o setor, que estão espalhadas por todo o Brasil hoje; técnicas de vendas, que são fantásticas, pois é tudo muito definido e padronizado. Então, quando se juntou a técnica com o amadurecimento do setor, e do modelo de negócio, decidimos que estava na hora de aplicar esse sistema nos nossos empreendimentos.
Qual avaliação que o senhor faz do crescimento do mercado de tempo compartilhado no Brasil?
Não tenho a menor dúvida que estamos iniciando uma fase de grande crescimento, isso já aconteceu em outros países, como no Caribe e EUA. Um fator que é realmente determinante é a entrada de grandes e sérios grupos no setor de timeshare. Nos últimos meses vários grandes grupos, resorts e redes hoteleiras iniciaram as operações, e outros analisando essa possibilidade. A ADIT tem feito a sua parte através da educação do mercado. Realizamos o ADIT Share, que é o principal evento de timeshare do Brasil, onde toda a indústria se encontra. Temos a publicação de revista, estamos iniciando a publicação de livros sobre o setor, cursos. Então, uma serie de ações que são necessárias para educar o mercado para fazer bem feito e de forma duradoura.
Pela experiência do senhor na ADIT Brasil, qual a maior dificuldade que os investidores encontram quando querem empreender na indústria de tempo compartilhado? Quais os maiores desafios dessa indústria hoje?
A dificuldade é a mesma que qualquer empresa encontra ao iniciar uma nova atividade. São pelo menos dois anos de aprendizagem, com erros e acertos. A questão é que muitas vezes ao iniciar os empreendedores estão focados na captação e vendas. Como os proprietários ainda não possuem um conhecimento profundo do segmento muitas vezes são geradas vendas sem qualidades, que não são sustentadas. Tudo tem que nascer muito redondo e não apenas a parte de vendas e marketing, mas pós – vendas, telemarketing e administrativo – financeiro. Os desafios da indústria hoje são: evitar que aventureiros entrem e queimem a imagem do produto; a regulamentação das cotas e fracionado, já que não há lei específica; e entender quem vai administrar e gerenciar esses empreendimentos fracionados quando ficarem prontos.
Edição de Novembro|2015 – Revista Turismo Compartilhado
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