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Como o 5G pode transformar o mercado imobiliário pós-pandemia
Do relacionamento com o cliente aos processos da construção civil, o mercado imobiliário deve ser ainda mais impactado por inovações tecnológicas pós covid-19. Por necessidade atual ou evolução natural das tendências de comportamento, a integração de software e serviços à Internet das Coisas (IoT) é algo que já impacta o setor. Será que reduzir a interação humana vai melhorar a experiência do cliente? O que o 5G tem a ver com tudo isso?
“O consumidor quer continuar viajando, quer continuar a ir em shoppings, mas quer fazer isso de forma segura”, explica Rony Stefano, CEO da Sanctuary Properties, holding de investimentos imobiliários e Tecnologia, Diretor Financeiro da ADIT Brasil e Membro do Conselho do Raiser Crowdfunding, Magikey e Vivakey.
A chamada Techospitality – ciência que utiliza tecnologia de ponta na hospitalidade, passando por internet das coisas, reconhecimento facial e até robótica – é, em termos práticos, uma das novidades mais sofisticadas nesse universo. “Temos hoje dezenas de meios de hospitalidade digitais em que o hóspede reserva, entra e sai do hotel sem nenhum contato humano. O mesmo acontece em escritórios no qual os funcionários e visitantes sequer tocam as portas. Tudo é feito por reconhecimento facial, sensores de presença, smartphones, etc.”
Mais rápido, mais seguro e com redução de custo fixo nas operações de hotelaria – todos os operadores do mercado imobiliário devem ser afetados com essa solução. As recomendações de segurança diante uma pandemia global não são os únicos fatores impulsionadores. Para acelerar cenários como esse acima, a próxima geração de internet móvel, o tão falado e esperado 5G, precisa acontecer.
Mais do que conexões estáveis, cobertura ampla e velocidade, essa tecnologia vai permitir trabalhos remotos que transformarão o mercado imobiliário. Para Eytan Magal, Sócio da Eytan Magal Soluções de Gerenciamento de Segurança, é algo que não tem como evitar.
“Cedo ou tarde, essa tecnologia estará presente nos ambientes de atuação das empresas, empreendimentos e nas áreas públicas. Deve-se considerá-la nos projetos e nos custos dos seus planos de negócios”, conta.
Entre as mudanças de consumo previstas, ele destaca as relacionadas à comunicação. “Cito equipamentos prontos para integrar em redes de comunicação com tecnologia IoT [Internet das Coisas], M2M [Machine to Machine] e IA [inteligência Artificial], todos operados através de aplicativos. Costumo dizer que é Deus no céu e celular na mão.”
Mudanças estruturais/físicas para receber o 5G no país
No primeiro semestre de 2020, segundo dados da Viavi Solutions, empresa americana de tecnologia de teste, medição e garantia de rede, a nação com mais disponibilidade de 5G era a Coreia do Sul, com 85 municípios. A China aparecia em segundo lugar, com 57, os Estados Unidos em terceiro, com 50, e o Reino Unido, logo em seguida, com 31. Para o Brasil figurar nesse ranking, é necessário a tomada de algumas decisões.
“É preciso ter um alinhamento entre governo e empresas, e que se entenda a necessidade imediata da adoção do mesmo. Estamos já algumas décadas atrasados em relação a outros países”, explica Stefano.
Ele aponta uma criatividade e dedicação dos empreendedores brasileiros que não é reconhecida nacionalmente. “Digo isso em relação a acesso de capital, burocracia, leis trabalhistas e fiscais. Um ano de atraso em relação ao 5G deverá trazer bilhões de prejuízo em valor presente, pois enquanto ainda discutimos o tema, países como a China, estão desenvolvendo soluções complexas com o uso da tecnologia que poderiam estar sendo desenvolvidas aqui. E assim acabaremos sendo meros consumidores ao invés de realmente sermos dínamos dessa revolução.”
A pandemia desfocou o debate sobre o tema no governo e a expectativa é que a discussão retorne em breve. “O mais urgente agora é a definição de nosso modelo do fornecedor da tecnologia e sobretudo os incentivos ao desenvolvimento de soluções nacionais”, diz. Em novembro do ano passado, o CEO da Sanctuary Properties esteve na China visitando grandes centrais de desenvolvimento e pode ver de perto várias aplicações do 5G no dia a dia.
“Escolas por toda a China tinham professores centralizados em Pequim, afetando por exemplo aeroportos e acomodação. Cirurgias foram conduzidas à distância, descentralizando, assim, os centros cirúrgicos, vários processos industriais em menores espaços também foram afetados, impactando ambientes destinados à indústria e logística, enfim. Mas da mesma forma, sente-se uma maior necessidade de programadores, seja em home office ou em escritórios.”
Para Magal, no mundo pós Coronavírus a tecnologia é uma aliada para atender as demandas que ainda vão surgir. “Sem dúvida as tecnologias relacionadas à saúde e bem estar [wellness] vão passar na frente, desde equipamentos até os serviços em si. A venda de PCs e notebooks subiu muito recentemente, devido ao home office. Serviços de diagnóstico médico e atendimento psicológico à distância estão gradativamente sendo mais utilizados, por exemplo.
Para além dessas demandas, ele também destaca duas frentes principais. “A primeira envolve o processo de compra, maquete do empreendimento em 3D via app, burocracia digital e pesquisas de mercado com inteligência artificial. A segunda é no processo do cliente com o usuário, a chamada home automation, que está dentro do mundo IoT.”
Inteligência artificial, Internet das Coisas e 5G são a tríade moderna da eficiência
“A internet das coisas será o principal fator de revolução com o 5G e creio que as empresas que não adotarem sistemas de automação como techospitality no caso de hotéis, deixarão de existir na próxima década”, pontua Stefano. Segundo ele, o principal motivo de reclamações em hotéis é a ineficiência do front desk. A Internet das Coisas permite uma interação mais eficiente, automatizada e instantânea do hóspede. “Por outro lado, em condomínios, o principal motivo de roubos e furtos são falhas humanas na portaria.”
A solução seria um bom planejamento para que a portaria seja totalmente substituída por controles de acesso automatizados. “Não estou falando de portarias remotas, já que assim apenas transferem-se os erros que eram locais para um pessoal remoto. Nesse caso, o próprio morador fica responsável pelos cadastros e controles, obviamente desde que com processos claramente determinados e planejados com consultorias responsáveis.” O custo com portarias tende a diminuir vertiginosamente.
Estruturalmente o tempo será fator decisivo em várias frentes. É o que acredita Eytan Magal. “As incorporadoras devem considerar um projeto complementar de infraestrutura de telecomunicação no desenvolvimento do empreendimento”, aponta. “O fato é que o desenvolvimento de empreendimentos é algo de longo prazo, no mínimo 3 anos. Até lá a tecnologia 5G estará presente e madura, agregando valor para cliente e na infraestrutura de dados.”
Não há dúvidas de que os impactos do Covid-19 são muitos e vieram para ficar. Mas entre tantas mudanças o que deve resistir a esse período, independente de sua esfera de atuação, é a experiência. “A sensação de prazer é o que o usuário vai buscar. Sempre. E o atendimento pessoal nos locais também – eles devem ser da mais alta qualidade possível e a tecnologia estará integrada dentro destes processos todos”, conclui.
Soluções de Techospitality por Sanctuary Properties
Na divisão de tecnologia da Sanctuary Properties, Stefano e sua equipe desenvolvem soluções que permitem a hotéis, pousadas e meios de hospedagem fazerem todos os processos, desde a reserva, cobrança, checkin e checkout, acesso ao hotel e acesso ao quarto, controle de governantas e manutenções, por meio de internet das coisas, ou seja, sem nenhum contato humano.
“Todos os nossos meios de hospedagem mantiveram-se abertos durante a pandemia e permaneceram lucrativos dado que a techospitality também permite uma redução brutal nos custos fixos de operação.”
Ele destaca algumas aplicações do conceito:
Para empresas – foram desenvolvidas soluções de controle de acesso com reconhecimento facial para empresas que estão controlando funcionários e visitantes na entrada, preservando as taxas de ocupação permitidas pelas leis municipais.
Para coworkings – eles agora disfrutam de sistemas automatizados para controle de acesso com marcação de reservas e por meio de um dashboard único, controlam taxas de ocupação em todas as suas unidades.
Para condomínios – salas de ginástica e piscinas, por exemplo, podem ser agendadas por meio de sistemas e aplicativos, e o acesso às mesmas se dá por meio de reconhecimento facial ou smartphone.
Para canteiros de obras – sistema de reconhecimento facial, medição de temperatura e smartphone que se conecta ao sistema de recursos humanos da empresa. Dessa forma mitigando não apenas a pandemia mas problemas trabalhistas, pois o turno de cada trabalhador, horas extras, etc fica respeitado por meio de um controle de acesso com criptografias.
A Eytan Magal Risks & Security Solutions é uma empresa de consultoria, assessoria e projetos. “No caso da situação atual, estamos orientando e especificando, os procedimentos e equipamentos para nossos clientes”, conclui Magal.
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