Artigos / Matérias
Artigo – Gestão de Stakeholders em projetos imobiliários: uma abordagem estratégica
Por Eduardo Eichenberger – Sócio-diretor da GLOBAL GOVERNANCE
A gestão de stakeholders em projetos imobiliários é um aspecto crítico para o sucesso de qualquer empreendimento no setor. Com a complexidade crescente dos projetos, que envolvem desde a análise de viabilidade até a entrega das unidades e a gestão pós-venda, é fundamental garantir que todos os interessados, ou stakeholders, estejam alinhados e suas expectativas sejam gerenciadas adequadamente. Esse processo não é apenas uma questão de comunicação, mas de uma abordagem estratégica que envolve mapeamento, análise, engajamento, e mitigação de riscos.
O processo de desenvolvimento imobiliário e seus desafios
O desenvolvimento de um empreendimento imobiliário passa por diversas etapas, que incluem a elaboração de projetos, obtenção de licenças e aprovações, estruturação financeira, construção, marketing e vendas, entrega das unidades, suporte técnico pós-venda, e, eventualmente, reformas ou renovações. Cada uma dessas etapas traz consigo desafios específicos que precisam ser geridos de forma eficaz.
No entanto, além desses desafios técnicos e operacionais, existe um fator igualmente importante: a gestão dos stakeholders. São as pessoas e organizações que, direta ou indiretamente, são afetadas pelo projeto ou têm algum tipo de influência sobre ele. Esses stakeholders podem variar desde vizinhos do empreendimento, órgãos públicos, ONGs, até investidores e futuros moradores. Cada um desses grupos tem expectativas e preocupações que precisam ser consideradas para garantir que o projeto avance sem maiores obstáculos.
Mapeamento e classificação dos Stakeholders
O primeiro passo para uma gestão eficaz é o mapeamento e a classificação dos stakeholders. É necessário identificar todos os grupos relevantes, como moradores das proximidades, concorrentes, concessionárias de serviços públicos, entre outros. Após essa identificação, os stakeholders devem ser classificados de acordo com seu nível de impacto no projeto e a influência que o projeto pode exercer sobre eles.
Essa classificação permite que os gestores identifiquem quais stakeholders precisam de mais atenção e quais podem ser monitorados com menos intensidade. Além disso, auxilia na priorização de recursos e esforços, garantindo que as partes mais críticas sejam abordadas com a devida importância.
Análise de interesses e preocupações
Com os stakeholders mapeados e classificados, o próximo passo é entender suas motivações, interesses e preocupações. É essencial avaliar quais grupos podem ter reações contrárias ao projeto, seja por medo, incertezas ou percepções de ameaça. Por exemplo, moradores podem temer o impacto ambiental de um novo empreendimento, enquanto comerciantes locais podem se preocupar com a concorrência que um novo shopping traria.
Ao entender essas dinâmicas, a equipe de gestão pode desenvolver estratégias para endereçar esses problemas, mitigando potenciais conflitos e maximizando o apoio ao projeto.
Estratégia de comunicação e engajamento
Uma comunicação clara e proativa é a chave para o sucesso na gestão de stakeholders. Desenvolver uma estratégia de comunicação que inclua mensagens-chave, canais apropriados e a frequência de interações é fundamental. A comunicação deve ser orientada para educar os stakeholders sobre o projeto, esclarecer dúvidas e destacar os benefícios e ganhos que o empreendimento trará.
Além disso, é importante engajar os stakeholders em um diálogo contínuo. Reuniões, workshops, entrevistas são métodos eficazes para coletar feedback e sugestões, além de promover um senso de pertencimento entre os stakeholders. Quando os stakeholders sentem que suas opiniões são valorizadas, eles tendem a apoiar mais o projeto.
Benefícios compartilhados e gestão de expectativas
Para garantir o alinhamento entre os interesses do projeto e os dos stakeholders, é necessário criar uma abordagem que destaque os benefícios mútuos. Negociar acordos que ofereçam vantagens econômicas, sociais ou ambientais para os stakeholders pode ser uma forma eficaz de obter seu apoio.
No entanto, é igualmente importante gerenciar as expectativas de maneira realista. Promessas exageradas ou expectativas mal alinhadas podem levar à frustração e à perda de confiança. Ser transparente sobre o que pode e o que não pode ser alterado no projeto ajuda a manter a credibilidade e evita decepções no futuro.
Mitigação de riscos e monitoramento contínuo
A oposição de stakeholders pode apresentar riscos significativos ao projeto. Por isso, identificar esses riscos antecipadamente e elaborar planos de ação para mitigá-los é uma prática essencial. Esses planos devem ser flexíveis, permitindo ajustes conforme o projeto evolui e novas informações ou feedbacks dos stakeholders são recebidos.
O monitoramento contínuo das percepções e atitudes dos stakeholders ao longo do tempo permite que a equipe de gestão faça os ajustes necessários para manter o apoio ao projeto. Esse processo de acompanhamento deve ser contínuo, garantindo que a gestão de stakeholders não seja uma atividade isolada, mas uma parte integrada da estratégia de desenvolvimento do empreendimento.
Política de boa vizinhança e alianças estratégicas
Além das ações diretas com os stakeholders, implementar uma política de boa vizinhança é um passo importante para fortalecer a imagem do empreendimento na comunidade local. Programas de benefícios, apoio ao desenvolvimento local, e geração de empregos são formas de demonstrar responsabilidade social e criar um ambiente favorável ao projeto.
Formar alianças estratégicas com stakeholders-chave pode ser uma maneira poderosa de amplificar o apoio ao projeto. Esses aliados podem atuar como embaixadores do empreendimento, ajudando a disseminar mensagens positivas e a reforçar o suporte da comunidade e de outras partes interessadas.
Conclusão: A importância da gestão de stakeholders
A gestão de stakeholders não é um processo simples, mas é fundamental para o sucesso de projetos imobiliários. Ela requer uma abordagem estratégica que combina mapeamento, análise, comunicação, engajamento e mitigação de riscos. Ao adotar essas práticas, os desenvolvedores podem minimizar resistências, maximizar o apoio, e assegurar que o projeto não apenas seja concluído com sucesso, mas também traga benefícios duradouros para todas as partes envolvidas.
Essa abordagem não apenas protege o empreendimento de potenciais ameaças, mas também contribui para a criação de valor a longo prazo, tanto para os stakeholders quanto para os desenvolvedores. Em um ambiente onde a opinião pública e a responsabilidade social estão cada vez mais em foco, a gestão eficaz de stakeholders se torna não apenas uma vantagem competitiva, mas uma necessidade estratégica.
Eduardo Eichenberger é fundador e diretor da Global Governance e possui mais de 25 anos de carreira em grandes corporações, com vasta experiência em estruturação e gestão de condomínios horizontais e loteamentos de alto padrão, desenvolvida a frente de consagrados empreendimentos de destaque nacional e internacional.
Mais notícias
-
Multipropriedade por quem entende: estratégias que funcionam e erros para evitar
-
Complan’24 reúne mais de 700 participantes e amplia discussões sobre o futuro das cidades
-
Criação dos Distritos Turísticos acelera desenvolvimento do setor em localidades do país
-
Webinar discute transformação da multipropriedade e timeshare e estratégias para vender bem