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ARTIGO | É possível termos esperança no mercado imobiliário em 2022?
Os números não mentem. Selic em alta (projeção de 11,50 a.a), desemprego voltou a crescer (projeção de 13%) e PIB projetado para 2022 em apenas 0,5% frente ao 4,65% de 2021.
Tudo isso nos leva à óbvia expectativa de um ano mais difícil à frente.
Entretanto, quando se trata do mercado imobiliário, relaciono 6 fatores que são muito relevantes e que podem servir de contraponto – e me fazem acreditar que teremos um bom ano em 2022, com certeza não tão pujante como 2021, mas ainda um bom ano.
1º – Funding
De acordo com a Associação Brasileira de Crédito Imobiliário (ABECIP), não faltará crédito para o mercado, inclusive com expansão do SBPE. A produção no que depender do crédito estará assegurada.
2º – Índice de Confiança do Consumidor
De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o índice está em 75,5 pontos. Menor que os 80 pontos do final de 2020, mas, quase o dobro dos primeiros 3 meses após o início da pandemia em 2020. Sabemos que o consumidor de imóveis tem que enxergar perspectivas a médio e longo prazo e este índice é preponderante.
3º – Instabilidade política e econômica
Na corrida por qual é o candidato menos ruim para o País, e com a possibilidade de uma volta da esquerda, uma parcela muito significativa busca lastro nos seus investimentos e todos sabemos que o imóvel é a melhor garantia.
4º – Crescimento x Oferta x Demanda
De acordo com a Câmara Brasileira da Construção Civil (CBIC), tivemos um crescimento em 2021 de 7,6%, o maior em 10 anos, sendo que a projeção para 2022 é de 2%. Isso seria ruim se os estoques estivessem altos, mas a alta demanda de 2021 deixou os estoques bastante baixos em praticamente todo o País – e sabemos que a relação oferta x demanda é fundamental para a sustentabilidade do mercado.
5º – Ressignificação da moradia
No pós-pandemia o imóvel mudou de patamar. Não é apenas e tão somente a nossa moradia, mas o “Porto Seguro” de todos nós. Ao invés do famoso jargão “imóvel moeda forte” podemos repensar para “meu imóvel, minha fortaleza”. Todos que puderam, repensaram seu “Porto Seguro” e sua “Fortaleza” para se adaptar a uma nova convivência familiar, social e de trabalho. Isso pode ser sentido claramente nos imóveis de segunda residência, afinal muitos da classe média e alta podem morar na sua segunda residência, vivendo como se estivessem na primeira. Não tenho dúvida que essa tendência continuará crescente.
6º – Projetos inovadores e sustentáveis
De norte a sul do Brasil, despontam projetos horizontais e verticais incríveis, pensados em uma nova maneira de se viver, muito mais conectada com a natureza e integrada a sua cidade e seu bairro. Empresas renomadas buscam certificações e líderes do segmento econômico estão repensando seus projetos para entregar mais do que o básico do produto econômico. Incorporadoras e Urbanizadoras estão atentas às mudanças e desenvolvendo projetos melhores, que despertam o desejo de um novo imóvel para viver uma vida diferente e com muito mais significado – fator decisivo na compra, que não segue necessariamente perspectivas econômicas, mas, sim o íntimo de cada um de nós, afinal “eu mereço”. Ou melhor ainda, “nós todos merecemos.”
Acredito que o caminho mais adequado para 2022 é trabalharmos fortes no desenvolvimento e na inovação dos projetos – e irmos colocando no mercado de forma cirúrgica em função da demanda dos micro mercados existentes em todo o país.
Paulo Cesar Sampaio de Toledo é CEO da CIA inteligência imobiliária e co- fundador da REMAX Brasil. Opera no mercado imobiliário desde 1984 e já passou pelos planos Cruzeiro, Cruzado, Bresser, Funaro e teve que lidar com OTN, ORTN, Deflação, Dolarização, Super Inflação e outras coisinhas que não vale nem a pena lembrar.
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