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Artigo | ADIT Mulher: Por que espaços dedicados às mulheres?
POR RAYSSA BIELEFELD, GERENTE DE PROJETOS, AUREAURBANISMO.
Em fevereiro anunciamos o lançamento da ADIT Mulher, uma comissão da Comunidade ADIT Brasil que foi fundada visando ser um espaço seguro para as mulheres compartilharem os desafios que enfrentam e, juntas, reunirem nossas qualidades a fim de oportunizar um cenário mais justo em nosso mercado de trabalho que hoje é tão predominantemente masculino. Recebi muito apoio da entidade e da comunidade feminina dentro da associação, mas junto com a boa repercussão, veio também o questionamento: Por que uma comissão dedicada às mulheres? Por que ADIT Mulher?
Diante destes questionamentos em relação ao propósito da comissão, me propus elencar 5 motivos para as mulheres associadas participarem (e para as ainda não associadas, embarcarem no time):
1- Porque só a competência não é suficiente. Ninguém duvida que sejamos incríveis e que nossas características femininas reforçam nossa capacidade técnica proporcionando resultados de excelência, mas e quando isso não basta? Quando apesar de sermos mais dedicadas e mais comprometidas ainda somos subestimadas, desvalorizadas? Acreditar que apenas o mérito nos fará chegar mais longe é quase uma utopia. Nosso cenário atual não é justo e equilibrado, por isso nem sempre esforço e dedicação são garantia de sucesso.
2- Porque todas nós já passamos pelos desafios de ser mulher em um mercado de trabalho liderado por homens. Não conheço uma mulher que não tenha enfrentado desvalorização, assédio ou falta de oportunidade em sua carreira profissional. Lembrando que nem sempre são episódios explícitos. Por ser uma questão estrutural, muitas injustiças passam despercebidas por estarem normalizadas em nossa rotina. É a interrupção de uma fala na reunião, é um cargo que você não assume por “não ter o perfil”, é uma brincadeira de mau gosto. Se você considera que nunca passou por nada disso, devemos celebrar o seu privilégio e usar de sua posição para ajudar outras que não tiveram a mesma sorte. Empatia e sororidade, afinal, se uma ainda está sofrendo, todas estão.
3- Porque a predominância masculina é uma questão estrutural, não será resolvido em uma palestra, será uma mudança gradual. Os números acusam que a disparidade entre os gêneros ainda é muito acentuada. Importante salientar que não estamos em busca de culpados e não focaremos no problema. Nossa missão é propositiva e busca mudar o cenário a partir de um estado de inconformidade. Sabemos que para obter a cura teremos de limpar os ferimentos, mas isso será usado tão somente como um propulsor da nossa vontade e objetivo de mudar o mercado em busca de um cenário mais justo.
4- Porque quando compartilhamos e nos unimos, crescemos. A força está no coletivo. Como é bom encontrar em outra mulher uma palavra de apoio, uma história que serve de aprendizado, um acolhimento diante de uma dúvida. Juntas temos muito mais chances de atingir melhores resultados. É muito importante olhar as problemáticas a partir de perspectivas diversas, interseccionais, para que assim possamos pensar em soluções que transcendam nossas experiências individuais.
5- Porque nós já somos empoderadas, a ideia é mudar como o mundo percebe esse empoderamento. Enquanto mulheres, em situação de histórica desvantagem, triunfamos apesar dos obstáculos e realizamos grandes conquistas com muito esforço – sem dúvida, muito mais esforço do que um homem precisaria. Os frutos desse triunfo às vezes são vistos como ameaça ou rebeldia, o que desqualifica nossas realizações. Estamos em busca de um mundo que valorize nossa atitude e nossa força.
Mulheres, é da nossa natureza AGIR e não esperar em zona de conforto. Ninguém virá nos salvar, nós somos aquelas por quem esperávamos e está em nossas mãos fazer o que é possível agora, com o que possuímos, da forma como pudermos. Não precisamos mudar o mundo de uma vez, uma pequena mudança em nosso círculo profissional já será a semente de um futuro mais leve e com mais equidade.
Vida longa à ADIT Mulher. Que sejamos vetor de mudança e símbolos de inconformidade diante de qualquer ameaça ao nosso sucesso que tenha como base o machismo ou o simples fator gênero.
Na foto do artigo, eu e nossa vice coordenadora Luciellen Leitzke, sempre de braços abertos (e mangas arregaçadas!) para receber você na comunidade ADIT Mulher.
Urbanista e arquiteta, especialista e apaixonada por cidades e suas complexas temáticas. Engajada na causa das mulheres no mercado de trabalho em busca de ambiências urbanas e um cenário mais justo. Atualmente, gerente de projetos na Aureaurbanismo.
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