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ARTIGO | 7 setores turísticos para investir na América Latina em 2022
POR RAMIRO ALEM – INVERTUR
A partir de conversas com os principais players do setor, vemos 5 tendências e 7 setores para investir em 2022.
5 Tendências
1- Investimentos de Impacto. Investidores buscam impacto, seus pedidos, cada vez mais, bucam o impacto triplo. Nas palavras de Dora Moscoso (BID LAB) “há dinheiro, mas acabou a era do projeto bonito, tem que ter impacto”.
2- Boom do turismo doméstico e regional. Na América Latina, 9 em cada 10 viagens são originárias da própria região e 7 em cada 10 dólares vêm do mercado doméstico. Esse boom foi impulsionado pelos novos modelos de consumo pós-pandemia: mais viagens, mais curtas e mais próximas.
3- Oportunidade para economias regionais. O boom do turismo doméstico e regional oferece aos destinos da região uma grande oportunidade para, por meio de investimentos e novos empreendimentos, diversificar sua oferta e proposta de valor em toda a cadeia do setor – da conectividade ao alojamento em todas as suas formas, empreendimentos imobiliários criando novos destinos, até mesmo parques, trens, navios de cruzeiro e novas experiências.
4- Recuperação rápida da conectividade. Novos fluxos de demanda impulsionados pelos mercados doméstico e regional. Em setembro, a JetSmart superou em +2% o número de passageiros transportados em 2019, e está operando mais rotas com os mesmos aviões. A Flybondi tem 4 aviões e espera ter 10 em 6 meses.
5- Regeneração da indústria. O turismo mudou, não é o mesmo que era na pré-pandemia. Surgiram novos paradigmas de consumo, mais tecnologia, mais natureza, mais cultura, experiências mais autênticas e custo-benefício que reconfiguram e valorizam a oferta. Você tem que inovar, mudar a mentalidade.
Essas 5 tendências fornecem a estrutura para os 7 setores estratégicos para investir na América Latina. Que explico melhor abaixo.
7 setores para investir na América Latina
1- Empreendimentos Imobiliário-Turísticos. O desenvolvimento da propriedade de férias no México e da multipropriedade no Brasil pode ser replicado no resto da América Latina – estamos falando de um mercado de US$ 20.000 bi, dos quais os EUA representam metade e o México pouco mais de um quarto, quase US$ 6.000 bi. Com a legislação certa, é um veículo financeiro fundamental para estruturar novos empreendimentos em novos destinos. E se somarmos o fator tecnológico com a tokenização dos ativos imobiliários turísticos, a oportunidade fica ainda mais potencializada.
2- All inclusive. Os empreendimentos hoteleiros no regime de all inclusive, não apenas em destinos de sol e praia, mas também destinos de natureza, estão ganhando força. As grandes redes globais estão dando passos firmes e há muitas oportunidades na América Latina. A Decameron Hotels possui 31 hotéis em 9 países e espera dobrar sua posição na América Latina nos próximos 5 anos.
3- Hotéis de impacto. Glamping (combinação de “glamoroso” e “camping”, e descreve um estilo de camping com amenidades e, em alguns casos, serviços de estilo resort geralmente não associados ao camping “tradicional”), ecolodges e novas formas de hospedagem eco-sustentável em destinos naturais estão crescendo. Muitos investidores estão se aproximando e procurando oportunidades neste setor. E os que já estão lá expandem suas teses, como Explora com suas 2 novas lojas no Chile e Argentina, e Huttopia trazendo sua tese para a América Latina. Redes globais e regionais desenvolveram soluções disruptivas com foco em gestão de ativos, com novas marcas e foco em softbrands e conversões. Redes como Selina, DOT e Ayenda que nasceram entre 2015 e 2019 mostram uma taxa de crescimento enorme, no caso de Selina e Ayenda impulsionadas por investimentos do BID Invest. Selina é um unicórnio (Unicórnio é uma startup que possui avaliação de preço de mercado no valor de mais de 1 bilhão de dólares) e este ano já está cotada em bolsa.
4- Vacation Rental & Coliving. Do bolo global de short term rental de US$ 9 bilhões, a América Latina representa menos de 8%. A demanda excede em muito a oferta (a América do Sul foi a região que mais cresceu no mundo +50%). É necessária mais oferta e há uma grande oportunidade na América Latina para um participante forte no negócio. A tese disruptiva do coliving permite regenerar ativos, muitos deles em centros desabitados, com rendimentos muito superiores aos tradicionais. O Coliving se posiciona como um setor de altíssimo potencial para todas as economias da América Latina.
5- Parques. A gestão de áreas protegidas, públicas e privadas, tem muito espaço para crescer na América Latina. O Brasil lidera o setor, e há oportunidades nas grandes capitais e cidades da região para parques naturais e de conservação, parques temáticos com experiências ativas, bioparques, ecoparques, aquários, entre outros.
6- Cruzeiros. Assim como os parques, tudo ainda está por fazer, muitos rios e costas para navegar. As teses de cruzeiros fluviais e costeiros estão sendo desenvolvidas com grandes projetos na região, como Aqua, no Peru, e Kontiki, no Equador.
7- Traveltech. A indústria do turismo é uma das menos digitalizadas. Apenas no Chile, um dos países mais tecnológicos da região, apenas 30-40% da oferta está online. A oportunidade para os empreendedores fornecerem tecnologia e soluções para a indústria é enorme. Na Open Call do primeiro Fórum Turtech LatAm, em julho, foram apresentados 175 projetos, superando todas as expectativas. Muito para inovar, muito para digitalizar e muito para empreender.
Ramiro Alem (ARG) é CEO da inverTUR. Com 25 anos de experiência na indústria, na iniciativa privada e pública, ele promove investimentos e novos negócios no turismo em toda América Latina pela inverTUR – Comunidade de investimentos em turismo da Latam. Sua experiência em companhias aéreas, hotéis, consultorias e na câmara empresarial, e sua passagem pelo setor público no Ente de Turismo de la Ciudad de Buenos Aires e no gabinete do Ministério de Turismo, fazem com que Ramiro contribua para valorizar os projetos e decisões de investimento no país e na região. Ramiro é formado em Turismo pela Universidad de Morón e tem um mestrado pela Universidad del CEMA (Centro de Estudios Macroeconómicos de Argentina).