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Além da Curva com Thomaz Assumpção | Um bate-papo sobre aerotrópole, smart cities e mercado imobiliário pós-pandemia

POR FELIPE MIRANDA/ ADIT BRASIL
Aerotrópole é uma cidade desenvolvida ao redor de um aeroporto com o objetivo de tornar a região uma metrópole urbana com infraestrutura que abraça diversos tipos de serviços e indústrias. Esse conceito dinamiza o mercado imobiliário e a logística de conexão com a cidade. É o que defende Thomaz Assumpção, fundador da Urban Systems Brasil, empresa de estudos de Lógica Urbana, inteligência estratégica e análise de risco de investimentos. Também consultor de lógica urbana do Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da NUTAU-USP, ele esteve em recente episódio do podcast Além da Curva, organizado pela ADIT Brasil e apresentado por Felipe Cavalcante. No bate-papo, o estudioso citou como exemplo de sucesso o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte-Confins – Tancredo Neves – que contou com a participação da Urban Systems no desenvolvimento do estudo para esse projeto.
“O aeroporto é um grande veículo de negócios. Ele possibilita desde a chegada dos empresários que visitam terrenos, até a instalação de uma fábrica ou hotel”, diz. “Uma cidade inteligente precisa ter um aeroporto, visto que ele possibilita essa conectividade para parcerias e trabalhos importantes.” Assumpção deixa claro que não fala apenas do turismo de negócios, mas de uma grande malha de conectividade econômica, onde o aeroporto é um facilitador de encontros e sua presença em determinada região pode influenciar, por exemplo, a abrangência que um hospital local pode chegar a ter.

“Para dimensionar se esse hospital atenderá a um mercado regional, nacional ou até internacional, além da capacidade técnica dos médicos ali presentes para criar uma área de destaque, a presença do aeroporto também tem impacto.” Ele cita o Hospital de Amor, anteriormente conhecido como Hospital de Câncer de Barretos, uma instituição de saúde filantrópica especializada no tratamento e prevenção de câncer com sede em Barretos (SP).
Com mais de mil trabalhos na bagagem e passagem por mais de 900 cidades, Thomaz Assumpção defende o conceito de cidade como um organismo vivo e com movimento.
“Cidade tem vetores e eixos. Eles podem ser identificados, previstos e ajustados para inúmeras situações. É preciso romper a lógica do produto”, afirma.
Dessa forma, a Urban Systems foge do modelo de pesquisa qualitativa e quantitativa para fazer uma análise de riscos de negócios. Eles usam uma contextualização mercadológica diferente da investigação de demanda. “Quando você começa a fazer muita coisa – de hospital a shopping center, sua visão de cidade e comportamento muda. Eu me apaixonei anos atrás e desde então estudo esse mundo riquíssimo.”
O Ranking Connected Smart Cities – estudo desenvolvido pela Urban Systems para o evento homônimo, idealizado pela Urban Systems e pela Necta – também é abordado. Realizado desde 2015, o ranking conta com 6 publicações entre 2015 e 2020, e é composto por 11 eixos temáticos, totalizando 70 indicadores que se conectam entre si.
“Para o ranking, buscamos saber se existem escolas suficientes, formação de mão de obra, saúde para os funcionários das empresas situadas ali, qualidade de moradia e um monte de coisa que gira ao redor das atividades principais da cidade, seja ela uma indústria, um hotel ou um resort”, pontua. Para ele, existem cidades comprando aparatos tecnológicos que não precisam, apenas para dizer que são inteligentes.
“O brasileiro tem uma capacidade de banalizar as coisas que eu acho incrível. Para mim, uma cidade inteligente é aquela que é sustentável economicamente”, afirma.
Uma smart city tem geração de emprego, PIB positivo e tecnologia compatível com o equilíbrio de todos esses 70 indicadores, que variam de saúde e inovação à mobilidade e empreendedorismo. “Uma smart city precisa gerar emprego para aqueles que estudam na cidade. A formatação da grade curricular, inclusive, precisa ser compatível com as atividades econômicas da região. Com quem essa cidade conversa?”, questiona.
Nesse episódio, o mercado imobiliário e suas transformações decorrentes da pandemia também são pauta. “Tivemos uma época voraz em que se vendia um empreendimento inteiro em um fim de semana, mas o mercado imobiliário não é isso. Um projeto de sucesso precisa de maturação”, diz. Assumpção afirma que não é saudável achar que um projeto não deu certo porque levou 6 meses para ele ser vendido.
“A pandemia trouxe uma luz sobre as novas métricas do jogo. Precisamos de responsabilidade para colocar na rua projetos alinhados com necessidades reais e não de investidores fazendo loteamentos que ficam vazios na espera de sua valorização”, conclui.
Para ouvir e acompanhar todas as entrevistas, basta acessar o site da ADIT BRASIL em http://adit.com.br/podcasts/
O podcast também está disponível nas principais plataformas de streaming!
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