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Além da Curva com Rubens Neistein | Um bate-papo sobre tokenização, criptomoedas e o mercado imobiliário
Se a internet como conhecemos hoje é regida pelo conteúdo e o compartilhamento em tempo real, a blockchain pode ser considerado a internet do dinheiro e da confiança. Criado para que as transações de bitcoin pudessem ser autenticadas sem um mecanismo central, a blockchain funciona como um sistema de consenso distribuído. Quem explica é o Especialista em Digital Assets, Blockchain, CryptoCurrencies, Security Tokens e Real State Tokens, Rubens Neisten, Business Country manager da CoinPayments e Socio da Blockmaster Brasil. “A blockchain nada mais é que uma cadeia de blocos que registra transações em um livro contábil”, diz. “Cada bloco armazena 2 megabytes com dados de transações feitas na rede. Em seguida, um novo bloco, ligado por uma hash criptografada, é criado para armazenar novas informações.”
A cada 10 minutos um novo bloco é gerado. Os chamados mineradores são os responsáveis por proteger e validar essa rede. “A cada bloco que eles geram, uma remuneração é dada. Os mineradores são a base de sustentação de todo esse protocolo”, conta.
Convidado do podcast Além da Curva com Felipe Cavalcante, Rubens Neistein dá uma aula sobre a tokenização do mercado imobiliário, seus gargalos e possibilidades a nível mundial, e explica como as criptomoedas, os smart contracts e o blockchain estão revolucionando a relação das pessoas com o dinheiro.
O início do bate-papo é uma espécie de glossário indispensável para entender esse universo onde o volume total de bitcoin no mercado é de quase U$ 1 trilhão de dólares. Estamos falando de, mais ou menos, U$ 100 bilhões em equipamentos minerando bitcoin ao redor do mundo.
“Há 7 anos você podia ser um minerador usando o seu notebook e ganhando 1 ou 2 bitcoins por dia. Atualmente, o volume de energia e poder computacional envolvidos na mineração é muito grande”, afirma. Quanto mais o tempo passa, mais difícil fica a logística e a estrutura necessária para minerar. “Minerar significa resolver um enigma matemático muito complexo a cada 10 minutos. Os milhares de computadores interligados na rede bitcoin tem esses exatos 10 minutos para solucionar o mais rápido que conseguirem e ganhar os 6.25 bitcoins daquele bloco.” Lá em 2009, a cada bloco gerado o minerador ganhava 50 bitcoins; 4 anos depois o valor passou para 25. Mais 4 anos após, passou para 12, 5 bitcoins, até alcançar o valor atual de 6,25.
A energia gasta por toda a mineração de bitcoin no mundo equivale à energia consumida pela Argentina.
Essa estatística explica porque não compensa minerar bitcoin no Brasil. “A energia aqui é muito cara. Talvez, agora que a criptomoeda está a U$ 57 mil, a conta feche. Mas, definitivamente, não é o melhor lugar para isso”, diz Rubens Neistein. A China é o maior pólo de mineração que existe, detendo mais de 50% dessa indústria. Os Estados Unidos ocupa o segundo lugar.
TOKENIZAÇÃO E COMO A BLOCKCHAIN AFETA O MERCADO IMOBILIÁRIO
Tokenizar um imóvel é transformá-lo em uma representação digital desse ativo que existe registrado na blockchain. “É pegar um imóvel, apartamento ou galpão e fracioná-lo através de tokens. Por exemplo, eu posso pegar um apartamento de 100m2, dividi-lo em 100 tokens e oferecer no mercado para pessoas que querem comprar e investir”, conta Neistein. É possível tokenizar um imóvel que está na planta e ainda não tem registro no cartório, escritura ou matrícula, por exemplo. “O contrato de compra e venda e o contrato de direito ao imóvel podem ser tokenizados.” O token é, ainda, uma excelente ferramenta de busca de funding. “Pode levar 2 ou 3 anos, não tenho bola de cristal para dizer ao certo, mas estamos falando de uma tendência, um crescimento linear e exponencial.”
Segundo Neistein, o bitcoin nunca vai valer zero. E dificilmente vai voltar para menos de U$ 40 mil. “É praticamente impossível. O mercado secundário de tokens é muito líquido. Hoje são movimentados U$ 500bi por dia”, diz. A quantidade de bitcoin no mundo muda a cada 10 minutos. É uma criptomoeda totalmente previsível e decrescente. Mais de 98% de todas as transações financeiras atuais são eletrônicas e, para o especialista, é apenas um passo para que elas se tornem digitais com o blockchain controlando tudo.
“O que realmente impede esse avanço mais rápido é a força dos bancos. Eles não vão querer perder essa hegemonia. Quando você deposita dinheiro no banco, ele não é mais seu. O dinheiro é uma dívida que o banco tem com você. O dinheiro que está lá depositado está emprestado para o banco. Se todo mundo quiser sacar dinheiro ao mesmo tempo de uma instituição financeira, ela não vai ter solvência. O teu dinheiro ela empresta para 10 pessoas diferentes”, pontua.
No fim das contas, a tokenização de imóveis e outros ativos vai mudar o mercado imobiliário. “Vai vir com muita força. Estudem, apliquem, descubram como tokenizar. Comecem. É assim que se constrói um mercado.” Apesar de existir certo receio devido aos diversos relatos de crimes como estelionato e lavagem de dinheiro envolvendo o mercado de criptomoedas, Rubens Neistein defende seu posicionamento.
“Tudo isso é real, assim como os narcotraficantes usam dólares. O bisturi pode salvar vidas ou ferir alguém. 98% das transações da rede bitcoin são lícitas. Apenas 2% são duvidosas”, diz.
Ele também comenta os três pilares da tokenização: a Legalização, sobre seguir as regras e cuidados necessários, a Tecnologia, sobre estruturar a emissão e o controle do token, e a Distribuição, porque não adianta emitir se não existir para quem vender. Ainda no bate-papo, o futuro dos cartórios, liquidez de mercado, os tipos de token e a acessibilidade da criptomoeda.
“O bitcoin é divisível em até 8 casas decimais. Você não precisa comprar um bitcoin a U$ 57 mil. Você pode comprar uma fração, um milésimo de bitcoin. Algo como U$ 50”, conclui.
Para ouvir e acompanhar todas as entrevistas, basta acessar o site da ADIT BRASIL em http://adit.com.br/podcasts/
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