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Além da Curva com Guilherme Antunes | Um bate-papo sobre gestão de recursos no mercado imobiliário, governança e Multifamily
“Para trabalhar com crédito imobiliário é preciso estar atento aos fundamentos dos empreendimentos, ter uma visão de longo prazo, e ter uma boa governança”, é o que defende Guilherme Antunes, Sócio da RBR Asset Management durante participação no podcast Além da Curva com Felipe Cavalcante. Para o manager da área de Crédito Imobiliário da gestora, negócio bom é negócio que se repete, e não aquele que se ganha muito dinheiro uma única vez. “Um bom empreendedor imobiliário tem que ter um olhar de longo prazo aguçado. Demora pelo menos 3 anos para desenvolver algo e alguns projetos levam até 15 anos. Essa visão é essencial para o sucesso”, diz.
Gerindo, atualmente, mais de R$ 6 bilhões em ativos imobiliários através de Fundos de Investimentos e Club Deals, a RBR atua 100% focada no mercado imobiliário. Em sua lista de atividades, execução de estratégias de investimentos em Incorporação, Renda, Crédito Imobiliário, FIIs Listados e Investimentos nos EUA. Enxergar o potencial de negócios mais complexos e de longo prazo é sobre não focar apenas no histórico, ou seja, não olhar para trás, mas também entender o que vem pela frente. “Já deixamos de fazer negócios com garantias maravilhosas, taxas muito boas e risco baixíssimos, mas quando olhava quem era o sócio por trás, por diversos motivos, de reputação, a gente preferia não fazer”, explica Antunes. A palavra-chave aqui é uma só: governança.
Para atingir o sucesso é preciso existir confiança nos números obtidos, entender qual o plano de crescimento daquela companhia, se ela tem sucessão ou não, e como é o compartilhamento de informações ali dentro. “Governança é sobre a reputação dos parceiros. É importante trabalhar com pessoas que compartilhem da sua filosofia. Fazer e se arrepender depois, é um problema maior. Na dúvida, não faça”, pontua.
No bate-papo, ele dá uma dica sobre auditoria de terceiros. “Ela não precisa acontecer com as 4 grandes empresas que fazem isso em São Paulo, as chamadas big falls”, confessa. “A depender do tamanho da sua companhia, o custo acaba sendo muito elevado. Existem outras empresas menores que prestam um bom serviço e, com isso, você gera um conforto maior para quem estiver avaliando tudo.”
Neste episódio, Guilherme Antunes também comenta oferta e demanda no setor de logística pelo país, como o brasileiro tem se relacionado com a indústria dos Fundos Imobiliários e a atuação da RBR em Multifamily no exterior.
Uma propriedade Multifamily é um ativo residencial voltado para renda que atende a diversas famílias como locatárias. Em geral, são prédios com um único proprietário – apenas 3% das propriedades de multifamily dos EUA pertencem aos REITs e o restante está pulverizado no mercado privado. “Queremos proporcionar para os mais de 300 mil investidores que estão conosco, acesso a investimentos em outros países. Começamos pelos EUA”, explica.
Antunes e Cavalcante também refletem sobre o desafio da taxa de juros, novos modelos de investimento do brasileiro, o impacto da comunicação e da informação no sucesso de investimentos e a baixa adesão do Investidor institucional nos dias atuais. A movimentação concentrada em São Paulo também foi comentada. “O mercado, como um todo, precisa que o dinheiro não saia só de São Paulo, mas que ele flua pelo país inteiro. E há total capacidade para isso.” Segundo ele, os fundos imobiliários não precisam existir apenas na Faria Lima.
“Não tem dinheiro em outras regiões? Porque não pode ter gestoras de fundos imobiliários em outras partes do país? Eu conheço algumas que surgiram nos últimos 5 anos que estão fazendo um ótimo trabalho.”
Estimular esse olhar plural e descentralizado é uma atividade que requer esforços – e possui seus prós e contras. “Fazer um empreendimento no norte é muito diferente de fazer um empreendimento no sul. Por diversos motivos”, diz. Guilherme também lembra que a insegurança jurídica presente em determinadas regiões do nosso país é um ponto crucial. “A mesma lei, muitas vezes, é aplicada de formas distintas a depender de onde você está. Isso é muito ruim. Como cidadão é importante a gente procurar formas de contribuir para que isso mude.”
Highlitghts do episódio:
“Comprar um terrenos, construir, alugar e a renda ser maior que 10%? Não é trivial. O juros é o grande inimigo desse segmento, mas a perspectiva de 5, 10 anos, é positiva.”
“O mesmo nível de atendimento, atenção e importância que a gente dá para o investidor que investe R$ 50 milhões com a gente, tem que existir para o que investe R$ 1 mil. Isso é muito claro e presente para nós.”
“Tua gestão não vai ser boa se você não estiver disposto a fazer de A a Z. Atuamos em um mercado que ainda possui muita informalidade. O nível de serviço ainda deixa a desejar em diferentes frentes, e por isso fazemos como em uma partida de futebol, mas jogando em todas as posições. Precisamos ser multitarefas e ter capacidade de conseguir entregar um bom serviço.”
Para ouvir e acompanhar todas as entrevistas, basta acessar o site da ADIT BRASIL em http://adit.com.br/podcasts/
O podcast também está disponível nas principais plataformas de streaming!
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