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Além da Curva com Basílio Jafet | Um bate-papo sobre direito de propriedade, insegurança jurídica e atuação do Secovi-SP
POR FELIPE MIRANDA/ ADIT BRASIL
O Sindicato da Habitação de São Paulo, o Secovi-SP, representa 93 mil empresas do estado, sendo o maior sindicato patronal da América Latina. Visto pelo atual presidente da entidade, Basílio Jafet, como um meio para os aperfeiçoamentos que o mercado precisa, o Secovi tem o que ele chama de Know How e Know Who. “Proporcionamos eventos, cursos e conhecimento para empresários e seus colaboradores”, explica. Apenas de associados o sindicato tem mais de 3 mil. “Nos demais estados, existem entidades para cada público: incorporadores, construtores, loteadores, etc. O Secovi é diferente, funciona como um ponto de encontro de todo mundo que tem algo a ver com o mercado imobiliário. Somos um hub. Já perdemos a conta de quantos negócios, parcerias e relacionamentos bem-sucedidos foram gerados a partir dos encontros que possibilitamos”, diz.
Convidado do podcast Além da Curva, com Felipe Cavalcante, Basílio Jafet revisitou seu relacionamento com a entidade, que data de 1996 até o atual momento, contextualizando sua carreira com assuntos importantes, como, por exemplo, o direito de propriedade – que segundo ele conduz o sucesso de um país. “Sem isso garantido, nem um país funciona.”
“Somos a favor da livre iniciativa, professamos o liberalismo como a melhor forma econômica de uma nação, e defendemos intransigentemente o direito de propriedade”, afirma.
“Entre os bens materiais, talvez, os mais significativos sejam os imóveis. Se você tem a escritura de um, ele sempre será seu. A partir do momento que existe o risco contra isso, existe um estímulo à produção, ao investimento, ao desenvolvimento e à geração de emprego.” Sem o estímulo para progredir, a economia não anda e as consequências são as piores possíveis. “Se você tem uma propriedade, você tem reserva de valor, mesmo que não tenha liquidez.”
No recorte de pandemia atual, a tendência de ter uma casa própria segue firme e forte. “Essa casa acaba se tornando um porto seguro, um local onde os problemas ficam lá fora”, explica Jafet, que também é dirigente da Jafet S/A, incorporadora atuante no segmento de imóveis comerciais e industriais.
INSEGURANÇA JURÍDICA AFASTA CAPITAL ESTRANGEIRO
Não existe país de sucesso onde a segurança jurídica não é respeitada. Para o presidente do Secovi-SP, nem mesmo os diversos aspectos positivos atraem o dinheiro vindo de fora. “Temos instituições sólidas e respeitadas e somos uma nação sem problemas fronteiriços, étnicos ou de religião. Não temos terremotos, furacões e tsunamis, mas, mesmo assim, o investimento estrangeiro não vem por causa da insegurança jurídica”, pontua.
Apesar da Justiça ser respeitada, ela apresenta uma série de mudanças rotineiras demais. “Existe uma decisão tomada em primeira instância, e logo em seguida outra radicalmente diferente. Após 5 anos, uma outra instância muda tudo novamente, para daqui a 10 anos isso ser alterado mais uma vez.”
No bate-papo, Jafet também destaca o preconceito e a inveja que existe contra quem dá certo no país. “Empresário é aquele que resolve assumir riscos. E ele só vai ter sucesso se conseguir passar por todos eles. Infelizmente, 80% das empresas brasileiras não chegam ao seu quinto ano de vida. A cada 5 empresários, 4 não têm sucesso”, explica. Para ele, as pessoas não levam em conta o tempo necessário para que essa ascensão aconteça. Nada é do dia para a noite. “Nos EUA, quando se vê um empresário com um carro novo, as pessoas se inspiram para trabalhar e comprar um igual. No Brasil, já se imagina o quanto aquele empresário roubou para conseguir o feito.”
Nessa trajetória, a sorte existe e é importante, mas não catapulta ninguém despreparado. “Sorte é um fator importante, mas você precisa estar pronto para subir na carroça quando ela passar. E às vezes ela não passa duas vezes”, pontua.
O podcast também se aprofunda na revisão do plano diretor de São Paulo – que, segundo Basílio Jafet é para a cidade e não para o mercado imobiliário. “Cerca de 78% da população de São Paulo vive na periferia – que é mais adensada que o chamado centro expandido. Isso é o contrário do que deve ser uma cidade de sucesso”, diz. A urgência é para uma cidade mais inclusiva – já que estamos falando da cidade mais populosa de todo o hemisfério sul.
“Não é admissível o cidadão passar mais de 3 horas para ir da sua casa ao trabalho. Isso é o contrário do que deve ser uma cidade de sucesso.” São Paulo precisa se tornar um hub financeiro, de serviços, de comércio, gastronomia e lazer. Nos próximos 10 anos, a cidade vai precisar construir 870 mil novas habitações. “E vamos construí-las onde der. Onde for possível legalmente”, conclui.
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