Artigos / Matérias
Além da Curva com Alexandre Lafer Frankel| Um bate-papo sobre moradia compacta, tecnologia e o futuro do mercado imobiliário
Trabalhar com amor e paixão sobrenaturais, é o que torna qualquer um imparável. É nisso que Alexandre Lafer Frankel, fundador da VITACON e fundador e CEO da HOUSI, plataforma digital de moradia por assinatura, acredita. Gerindo mais de 30 mil moradores em 40 cidades espalhadas pelo Brasil, ele é responsável por uma revolução em curso nos setores imobiliário, turístico, de mobilidade e economia compartilhada.
Convidado do podcast Além da Curva, com Felipe Cavalcante, ele defende que todos nós trabalhamos para a sociedade e só estamos por aqui porque ela, de alguma forma, precisa daquilo que oferecemos. “Quando se entende isso não existem mais limites de onde você pode chegar. O problema é que as pessoas desistem cedo demais. De relacionamentos, empresas e negócios. Tudo está muito volátil”, diz Frankel, eleito cidadão sustentável em 2013 e jovem empreendedor do ano em 2014.
“Temos que ter certo grau de empenho e resiliência para chegar onde se quer”, diz. Vice-presidente de Novas Tendências do SECOVI SP, ele é ativista pela mobilidade, autor de 3 livros da série: “Como Viver em São Paulo Sem Carro” e mais recentemente em 2020 “Como Viver em um Mundo sem Casa”. Em sua entrevista, ele deixa claro que todo empreendedor que questiona o status quo e pensa diferente, invariavelmente, vai ser chamado de louco. “Quem é movido por paixão, força e propósito rompe com essa resistência.”
E Frankel tem rompido há um bom tempo. “Eu comecei minha jornada empreendedora aos 17 anos com 12 promissórias – que eu tinha que devolver, e elas eram todo o capital inicial do meu negócio”, conta. “Eu não tinha dinheiro para pagar a folha e ainda precisava devolver o dinheiro do investidor. Momentos difíceis fazem homens fortes.” Empreendedor no Brasil precisa ser fora da curva. “É um ambiente tóxico e repleto de dificuldades, mas transformar o seu mercado de atuação com algo novo é uma das maiores gratificações que existem.”
A Vitacon ficou popular por combinar empreendimentos de apartamentos compactos com a disponibilização de serviços e espaços compartilhados pelos moradores. Os principais clientes são os investidores e pessoas que precisam morar próximo aos seus trabalhos nas grandes regiões centrais de São Paulo. “Quando criei a Vitacon, em 2010, ninguém entendia o que eu queria fazer. O pessoal chamava os apartamentos menores de flat, kitnet e coisa de pobre, mas eu via ali um novo estilo de vida”, defende. Ele queria propor algo melhor em relação ao trânsito e ao tempo. “As pessoas não precisam comprar um apartamento.” Segundo o empresário, o sonho da casa própria se tornou o sonho do acesso à casa própria.
“Esse conceito está altamente conectado com o comportamento de consumo das pessoas para o futuro. A verdadeira mobilidade é permitir que a casa/moradia acompanhe a pessoa em cada etapa de sua vida”, diz.
A tradição de comprar a casa própria surgiu pela falta de confiança nas instituições. Nesse movimento de morar com menos e usar a estrutura oferecida pelo entorno, e pela própria cidade, é uma tendência irreversível no mundo inteiro. Para o construtor, os apartamentos compactos são uma forma de democratizar a moradia. “Esse é o meu copo cheio. As opções são morar em um local periférico, sem segurança e passando 5h dentro do ônibus ou abrir mão de espaço, morar em um lugar menor e receber várias soluções como a economia compartilhada.”
Espaço não é uma realidade do brasileiro. “Não cabe no bolso de todo mundo. Morar compacto abriu possibilidades”, defende.
Criada em 2019, a Housi deu os primeiros passos mediando o aluguel de apartamentos da própria Vitacon. Na última semana, Alexandre Lafer Frankel anunciou a meta de ampliar o total de ativos sob gestão. O montante de R$ 10 bilhões deve subir para R$ 30 bilhões até o fim de 2021. Atualmente o marketplace de imóveis reúne empreendimentos de outras construtoras e aposta na personalização.
“A experiência de locar um apartamento na Housi é a mesma de chamar um carro na Uber. Em menos de 1 minuto você loca por 12 meses, tudo de forma digital, sem visita, sem dor de cabeça e sem burocracia”, explica.
Nesse episódio do Além da Curva, Frankel fala não só dos sucessos, mas também das dificuldades de sua jornada, sobre o que o motivou, como lida com a fama, as inovações nos modelos de negócios de suas empresas, relacionamento com clientes, o futuro do mercado imobiliário e os seus planos de futuro. Fica evidente seu domínio e paixão pelo setor que atua. Segundo ele, uma legítima obsessão.
“É necessário prover o acesso à moradia de uma forma fluida, flexível e devolver a liberdade para as pessoas de uma forma altamente escalável. Tudo isso, aliado à tecnologia vai transformar e reinventar o mercado imobiliário”, diz. Para ele, trata-se de uma nova jornada em que a moradia precisa acompanhar a evolução natural da sociedade. A hospitalidade, por exemplo, está cada vez mais fundida ao conceito de moradia.
“Antes as pessoas casavam com 20 anos, tinham filhos aos 25 e a expectativa de vida era de 60”, pontua. Antes as pessoas ficavam no mesmo emprego a vida toda, mas basta olhar a revolução das últimas duas décadas. “Agora as pessoas se casam aos 40, muitas não vão ter família e boa parte delas mudam de emprego de uma forma frequente. São profissões dinâmicas e fluidas. São freelancers que trabalham via aplicativo e a expectativa de vida hoje beira os 80 anos”, afirma.
Ainda sobre dados e estatísticas, ele volta ao passado para reforçar alguns aprendizados da sua jornada. “Escrevi um livro sobre como viver em São Paulo sem carros há 10 anos, quando não existia Uber, 99 ou ciclovia. Eu defendia que as pessoas não queriam ser escravas dos carros e neste ano a Ford saiu do país. Não é uma mera coincidência. As pessoas estão consumindo menos. É fato.”
Ainda no bate-papo com Felipe Cavalcante, Frankel aponta que o empreendedorismo é responsável por levar o país adiante. Como uma espécie de locomotiva que traz inovação e emprego. “Na jornada de um empreendedor, a necessidade gera o seu próximo passo. Às vezes ela desenvolve na gente uma característica que sequer existia.” No meio disso tudo, os erros são bem-vindos. “Errar é muito bom. Eu celebro o erro. Isso tem que ser mais cultivado na sociedade como algo positivo da caminhada.”
Para ouvir e acompanhar todas as entrevistas, basta acessar o site da ADIT BRASIL em http://adit.com.br/podcasts/
O podcast também está disponível nas principais plataformas de streaming!
Mais notícias
-
Multipropriedade por quem entende: estratégias que funcionam e erros para evitar
-
Complan’24 reúne mais de 700 participantes e amplia discussões sobre o futuro das cidades
-
Criação dos Distritos Turísticos acelera desenvolvimento do setor em localidades do país
-
Artigo – Gestão de Stakeholders em projetos imobiliários: uma abordagem estratégica