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A relação entre hotelaria, tecnologia e serviços
Carolina Pinheiro fala sobre projetos de expansão da Wyndham Hotels & Resorts na América Latina e Caribe
É inegável que a hotelaria nacional atravessa grandes mudanças e evoluções, sejam de ordem tecnológica, operacional, design ou até mesmo comercial. Conversamos com a Vice-Presidente de Desenvolvimento de Negócios para América Latina e Caribe da Wyndham Hotels & Resorts, Carolina Pinheiro, sobre os desafios do setor, transformações tecnológicas, estratégias de expansão do grupo na região, entre outros assuntos.
Com o tema “A força de uma Marca” , Carolina Pinheiro é um dos nomes de peso confirmados para o ADIT Hotel, que acontece no dia 05 de novembro, no Hotel Pullman Vila Olímpia, em São Paulo, reunindo diversos players do setor em um ambiente propício para troca de conhecimento e networking.
O Seminário sobre Desenvolvimento e Investimentos Hoteleiros coloca em pauta outros assuntos como: comercialização, comunidades planejadas turísticas, timeshare, multipropriedade, tendências de design e arquitetura na hotelaria, administração de empreendimentos, comportamento do viajante digital no Brasil, regulamentação de condo hotéis, a visão dos investidores, expectativas da hotelaria nacional, entre outros.
Durante o bate-papo, Carolina comemora o retorno de um evento destinado para a hotelaria: “Depois de tantos anos, vamos voltar a ter um evento específico sobre hotelaria no Brasil. Isso é muito importante para quem já está no negócio poder participar, trocar informações, saber as tendências. Já quem gostaria de entender um pouco mais, é o momento ideal para poder conversar com os principais players, com as pessoas que já estão envolvidas no negócio”, pontua Carolina.
Confira a entrevista na íntegra:
ADIT: Primeiramente gostaria de agradecer por aceitar nosso convite. Para iniciar, pode contar um pouco das suas experiências profissionais, abordando sua passagem pela RCI e agora na Wyndham?
Carolinha Pinheiro: Estou na Wyndham desde junho deste ano, fui convidada pelo Alejandro Moreno, que é o presidente, que assumiu há um ano a presidência da America Latina e Caribe, e nossa responsabilidade é fazer a expansão de novos hotéis para essas regiões. Na verdade, estou voltando para o mercado de hotelaria, porque eu já tinha trabalhado em outras redes hoteleiras e há 11 anos eu fiquei na RCI Brasil, que era a empresa que fazia intercâmbio de férias, desenvolvendo e trabalhando no cenário de multipropriedade, timeshare e fracionado no Brasil.
Na Wyndham Hotels, o nosso objetivo é fazer a expansão dos mercados em todos os países. Atualmente já são 220 hotéis que nós temos na região nos modelos de contrato de franquias hoteleiras, na qual a gente cede uma marca nossa para o empreendimento ou através dos modelos de gestão hoteleira, no qual a Wyndham faz a operação do projeto. A Wyndham tem 20 marcas hoje no mercado, então de acordo com as características da localização do empreendimento é que a gente faz essa definição de que marca seria adequada para o empreendimento.
ADIT: Quais as metas de vocês para os próximos anos?
CP: Na verdade nossa meta é feita por regiões. Temos que crescer aproximadamente em quatro mil quartos a cada ano.
Entendo que o cenário é de oportunidade, é o que estamos buscando, apesar de ter plena consciência que a política interfere realmente na decisão dos empresários de fazer novos projetos e novos hotéis”
ADIT: Diante do atual cenário econômico e indefinições políticas, quais os principais desafios que o setor enfrentará?
CP: No início deste ano tivemos uma posição muito clara com essa expansão, em todos esses países da América Latina e Caribe. Claro, que qualquer expansão e qualquer investimento da empresa nessas regiões, a grande preocupação é o crescimento do mercado, certamente isso interfere. Mas por outro lado, qualquer empresa que deseja ter esse tipo de expansão nesses mercados, vai ter que lidar com a oscilação da economia e da política, em alguns momentos mais favoráveis outros não tão favoráveis, mas falamos que sempre existe oportunidades nesses momentos. Entendo que o cenário é de oportunidade, é o que estamos buscando, apesar de ter plena consciência que a política interfere realmente na decisão dos empresários de fazer novos projetos e novos hotéis.
ADIT: Falando de timeshare e multipropriedade, como você percebe o desenvolvimento desses negócios na América Latina?
CP: Quando analisamos a América Latina, estamos muito concentrados na região do México, que é o berço do negócio, e o Brasil está tendo um crescimento acima do normal nos últimos anos. Esses são os dois grandes países que já fazem esse tipo de produto, já comercializam esse tipo de produto e com grandes possibilidades de crescimento.
ADIT: Quanto ao seu tema no ADIT Hotel, quais ações estão sendo feitas na Wyndham para fortalecer a marca e o que virá de novidade?
CP: Na Wyndham, como já tem essa presença de 220 hotéis dos nove mil hotéis que existem no mundo todo, nossa ideia é realmente crescer essa região. Nós já estamos com um escritório corporativo em Buenos Aires, na Argentina, porque a Wyndham comprou uma empresa faz dois anos e fez essa primeira instalação lá. No começo do ano inauguramos um escritório em São Paulo, que até então não tínhamos uma presença física no Brasil, e até o final do ano estaremos inaugurando um escritório próprio na Cidade do México. Estamos a pleno vapor para fazer a expansão em todos esses países.
“Então a gente entende que a tecnologia pode colaborar na prestação do serviço, mas acabamos tendo um esforço humano que é necessário”
ADIT: Qual sua opinião sobre o turismo de experiência?
CP: Sabemos que tem grandes desafios, da parte financeira dos projetos, como se faz financiamento no Brasil não é fácil. A questão de acessos e localizações. Até a próprio investimento em turismo e em divulgação do destino também. Mas são situações que nós como bons brasileiros já sabemos que existem e que talvez em alguns determinados mercados possam melhorar ao longo do tempo, mas não vai existir uma mudança de imediato de um ano para o outro, ou alguma mudança muito relevante. Nós que trabalhamos no mercado de desenvolvimento temos que aprender a lidar com essas situações e ver onde que é possível facilitar para que se tenham os projetos.
ADIT: O mundo vem passando por grandes transformações tecnológicas. Como essas ferramentas e novas tecnologias vão impactar na hotelaria?
CP: Não só na hotelaria, mas em várias áreas. O que não vamos deixar nunca de lado é o serviço porque a hotelaria tem uma parte muito grande de prestação de serviço. Então a gente entende que a tecnologia pode colaborar na prestação do serviço, mas acabamos tendo um esforço humano que é necessário. Acho que ao longo do tempo vamos ter novas tecnologias, novos sistemas que irão agregar, mas como existe uma prestação de serviço, o fator humano continua sendo bastante importante.
ADIT: O que a indústria do turismo tem a aprender com algumas estratégias de outros países?
CP: O case mais nítido é o país do México, quando você vê destinos turísticos que eles desenvolveram ao longo do tempo que nós não temos. Como modelo de negócio temos que olhar para esses destinos que não nasceram como destinos turísticos, foram criados. O México tem exemplos como Cancún e Los Cabos, que foram locais desenvolvidos para isso.
ADIT: Que conselho você daria para as pessoas que estão pensando em investir em hotelaria no Brasil?
CP: Quem pensa em investimento em hotelaria tem que pensar que é um investimento de longo prazo, mas o acesso imobiliário é muito grande. Percebemos que é normal que depois do primeiro investimento hoteleiro, o primeiro hotel, o investidor se anima bastante em ter outros investimentos. É um fato que acontece bastante não só no Brasil como em outros países. O grande conselho é escolher uma localização para o empreendimento e agregar uma marca e alguém que possa colaborar para fazer a gestão do negócio, trazer a rentabilidade do negócio desejado.
“Percebemos que é normal que depois do primeiro investimento hoteleiro, o primeiro hotel, o investidor se anima bastante em ter outros investimentos”
ADIT: Você gostaria de deixar alguma mensagem para os participantes do ADIT Hotel?
CP: A mensagem final é que depois de tantos anos vamos voltar a ter um evento específico sobre hotelaria no Brasil. E é muito importante para quem já está no negócio poder participar, trocar informações, saber as tendências. E quem gostaria de entender um pouco mais, é o momento ideal para poder conversar com os principais players, com as pessoas que já estão envolvidas no negócio. É só um dia de evento, mas é um evento muito rico em termos de participantes, empresários do negócio então dá para aproveitar muito, trocar experiências e absorver bastante conhecimento.
Maria Carolina Pinheiro tem vasta experiência em Hotelaria e Gestão de Pessoas. A executiva é formada em Engenharia Civil pela Universidade Mackenzie, possui MBA em Master Business Administration em Planejamento e Controle Empresarial pela FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado e em General Management e International Management pelo IBMEC – Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais. Iniciou sua carreira em 1998, como gerente de Novos Negócios da então AccorHotels. Após três anos de trabalho, deixou a rede francesa e assumiu a gerência de Novos Negócios da Blue Tree Hotels, onde atuou por sete anos. Em 2008, Maria Carolina chega à RCI como gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios e, após uma jornada de sucesso no cargo, assume, no ano de 2014, a Direção geral da RCI Brasil – Resort Condominiums International. Convidada pelo presidente da Wyndham América Latina e Caribe passou a integrar a empresa, onde ocupa atualmente o cargo de VP de Desenvolvimento.
Por Débora Vieira – Comunicação ADIT
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