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ARTIGO | Metaverso no mercado imobiliário: você está ficando de fora da festa?
FELIPE CAVALCANTE – PRESIDENTE DE HONRA DA ADIT BRASIL E FUNDADOR DA MATX
Muitas empresas estão na dúvida se devem ou não focar suas energias no Metaverso.
Notícias sobre o Metaverso aparecem a todo momento tanto na mídia tradicional quanto nas mídias sociais.
Vejo empresas reunindo várias pessoas do seu time sênior com o objetivo de avaliar se devem gastar energia no Metaverso e, em caso positivo, como seria esse envolvimento.
Testemunho CEOs dando ordens para a empresa entrar no Metaverso porque só se fala disso e eles não podem ficar de fora, além de querer parecer moderninhos e antenados.
Uma quantidade muito maior de empresários e executivos não consegue canalizar suas energias para o Metaverso e ficam se sentindo culpados por estarem ficando para trás.
A cada vez que ouvem falar de uma empresa que fez alguma ação no Metaverso, a agonia deles aumenta.
Isso tem nome e se chama FOMO: Fear of missing out, ou seja, o medo de ficar de fora da festa, de ficar para trás e de perder a oportunidade.
O FOMO é um elemento clássico do mundo dos investimento, em especial nos momentos de euforia e bolhas.
Mas o FOMO pode ser aplicado a muita coisa na vida, em especial em relação aos modismos.
Tem duas palavras que a turma mais antenada adora usar e que podem ser utilizadas para identificar modismo e que podem indicar que os elementos de um FOMO estão presentes: Buzz e Hype.
Buzz pode ser traduzido como “burburinho”, enquanto Hype se refere a um assunto que está dando o que falar, algo que está na moda e que é comentado por todo mundo.
O fato é que essas palavras estão sendo muito utilizadas em referência ao Metaverso.
Isso é agravado pelo fato de que a mídia precisa estar sempre criando histórias.
Poucas pessoas param para pensar em como é difícil a vida de um veículo de imprensa tendo que encontrar assuntos o tempo topo.
Quando eles se deparam com algum tópico que gera audiência, a tendência é eles reforçarem a cobertura daquele assunto, mesmo que sua aplicação no mundo real seja pequena ou nula.
Portanto, é hora de analisar com mais profundidade se o Metaverso é mais um modismo passageiro ou se é algo que realmente se deve prestar atenção e agir já.
O primeiro passo é explicar o que é esse tal de Metaverso, que ficou tão famoso após o Mark Zuckerberg afirmar que esse passaria a ser o foco do então Facebook, que até mudou de nome para Meta para provar o quanto ele estava comprometido com a tese.
O Metaverso é um espaço virtual compartilhado, hiper-realista, imersivo e interativo. Ele promete que vai haver uma representação nossa no mundo digital.
Apesar de estar na moda, o Metaverso não é um conceito tão recente quanto imaginamos. Ele foi cunhado pela primeira vez por Neal Stephenson em seu romance Snow Crash (1992), em que ele imaginou um ambiente paralelo à internet onde as pessoas poderiam usar avatares para interagir umas com as outras.
Outo ponto importante é que não existe apenas um Metaverso, mas muitos. Ou seja, existem vários mundos virtuais dentro de um Metaverso. Hoje existem pelo menos 160 Metaversos.
Apesar do Metaverso prometer que a sua vida poderá ser transferida para lá, ainda falta muita coisa para isso acontecer.
Os equipamentos e a tecnologia atuais ainda estão distantes desse momento, apesar de estar claro para todo mundo que esse dia chegará.
Para isso, a capacidade de processamento dos equipamentos precisa aumentar bastante, bem como precisamos esperar por mais avanços em Realidade Aumentada (AR) e Realidade Virtual (RV).
Outro ponto fundamental para que o Metaverso alcance seu potencial é a capacidade da tecnologia simular o mundo real, inclusive com simulando estímulos sensoriais. Isso começará a ser possível quando tivermos a tecnologia 6G, o que acontecerá até o final desta década, gerando, aí sim, a possibilidade de mundos imersivos 3D.
O que se vê muito atualmente são empresas divulgando que estão no Metaverso, mas usando soluções gráficas da década de 90 ou, pior ainda, transmissões pela Zoom.
Apesar de muitas empresas do setor imobiliário terem a intenção de atuar no Metaverso, é fundamental compreender que hoje em dia quase que a totalidade dos seus usuários são crianças e jovens.
Poucos adultos com poder aquisito para adquirir um imóvel estão no Metaverso.
Por isso que as poucas ações de empresas do setor imobiliário no Metaverso, apesar de muito alardeadas, geram pouco ou nenhum resultado de vendas.
Por outro lado, a atuação e o posicionamento no Metaverso por empresas que querem se posicionar junto ao público infantil e jovem pode fazer sentido.
O problema que muitas dessas empresas enfrentam, porém, é que elas são empresas tradicionais, velhas e que não conseguem se conectar com esse público jovem e nativo digital. São mundos, inguagens e culturas distintos.
Por todos esses motivos, quero tranquilizar você que atua no mercado imobiliário e está lendo esse texto: o cavalo selado não está passando na sua frente nesse momento. Você não está ficando para trás e não precisa necessariamente gastar sua energia no Metaverso.
Falta muito ainda para que sejam gerados negócios imobiliários no mundo real, e mais ainda para que sejam gerados negócios de vulto.
Em vez de gastar energia com o Metaverso, dedique esse mesmo tempo para melhorar o básico em sua empresa, algo que não está sendo feito a contento. Garanto que tem muita coisa para melhorar no seu negócio para o que você não está dando a decida atenção
Por outro lado, se não é recomendável envolver várias pessoas de sua organização para estudar o Metaverso, você precisa ficar atento e monitorando o desenvolvimento dessa e de outras tecnologias.
O modelo ideal é que a empresa designe uma pessoa para ficar atenta, acompanhando e estudando todos os avanços tecnológicos.
Essa pessoa precisa ter um interesse real no assunto de inovação e vai, em paralelo com suas atividades normais, participar de cursos e seminários, ler livros e artigos e com isso ficar por dentro do que está acontecendo lá for.
Essa pessoa vai reportar para a diretoria da empresa se vale á pena ou não dedicar recursos como tempo e dinheiro para determinada tecnologia inovadora.
A partir daí, a empresa pode criar uma comissão multidisciplinar para estudar o assunto com mais detalhes e, por fim, fazer uma recomendação final para a empresa.
Essa recomendação pode ser positiva mesmo que não exista possibilidade de negócios no curto prazo, já que a empresa pode decidir dedicar energia ao Metaverso, por exemplo, apenas como posicionamento de imagem e marca, como uma forma de parecer moderna e antenada.
Por fim, junto com a certeza de que no momento o Metaverso ainda não gera negócios relevantes para o mercado imobiliário real, tenho a convicção de que no futuro ele será uma realidade e todos nós, pessoas físicas e jurídicas, faremos parte dele.
Quem sabe o meu próximo texto sobre esse assunto já não seja no Metaverso.
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