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Placemaking: configurações e novidades em Jurerê Internacional (SC)
Placemaking é uma abordagem multifacetada para o planejamento, design e gerenciamento de espaços públicos. A organização do espaço aproveita os ativos, a inspiração e o potencial de uma comunidade local, com a intenção de criar espaços públicos que promovam a saúde, a felicidade e o bem-estar das pessoas.
Na entrevista ping-pong abaixo, Lorena Babot, Arquiteta e Urbanista da Habitasul (SC) comenta mais algumas aplicações e desdobramentos sobre Placemaking em Jurerê Internacional, de Florianópolis – ela atuou na concepção e coordenação metodológica de diagnósticos e estudos do masterplan.
Arquiteta e urbanista da Habitasul (SC), possui graduação em Arquitetura e urbanismo pela Universidade da Região da Campanha (1999) e mestrado em Desenvolvimento sustentável – Universidad Nacional de Lanús- FLACAM – cátedra da UNESCO (2004). Atua em planejamento urbano, gestão de projetos urbanos, pesquisas e projetos de arquitetura. Tem experiência na área de Planejamento Urbano e Regional, com ênfase em Técnicas de Planejamento e Projeto Urbanos e Regionais, atuando principalmente no tema: sustentabilidade em suas dimensões sociais e territoriais.
Indicamos a leitura da matéria Como o Placemaking ajudou no sucesso de Jurerê Internacional, que antecede esse bate-papo abaixo. Boa leitura!
O conceito de placemaking funciona apenas para espaços públicos?
Não necessariamente. Um lugar de encontros e atividades sociais, nem sempre é público. E são inúmeros os significados. Eu vejo Jurerê Internacional como um grande placemaking. É um lugar de grande projeção das emoções que proporciona, cheio de significados, e rico em diversidade. Mas, cito um espaço que considero como sítio histórico: o conjunto de charqueadas de Pelotas, por exemplo, que reúnem gaúchos e turistas para degustar a história, os costumes e as práticas culturais de um ambiente pampeano.
Não se trata de um empreendimento, de um parque ou uma praça, mas um lugar, geograficamente distinto pelo bioma pampeano, cheio de significados culturais para a comunidade gaúcha, conectadas pela história cultural da urbanização litorânea do sul.
Até mesmo espaços urbanos podem ser ao mesmo tempo, lugares de altíssimo grau de importância comunitária e patrimônio privado. Como o caso do Open Shopping em Jurerê Internacional, que é um lugar consolidado como espaço de uso público, porém no sentido patrimonial é privado.
Quais ferramentas disponíveis hoje – e quais delas são as principais – nesse processo de placemaking?
Sem dúvida, a principal ferramenta é a comunicação com a comunidade, somada à cooperação através das atividades compartilhadas de gestão inclusiva e amorosa e as parcerias com os empreendedores. Conversar, comunicar, participar das iniciativas da comunidade e realizar efetivamente os planos com qualidade. Em Jurerê Internacional, isso é feito através da comunicação direta com comunidade, órgãos públicos e empreendedores.
As ferramentas utilizadas são a gestão colaborativa dos espaços públicos, com manutenção e segurança, as quais contam com adesão e contribuição dos moradores, através do programa JIQS, de ações em parcerias com a associação de moradores de JI e as do entorno, da normatização e fiscalização das construções, da promoção e gestão das atividades culturais, da participação nos conselhos e organizações profissionais e de planejamento e aperfeiçoamento constantes.
Existe urbanismo sem o placemaking? Como ele é configurado sem esse movimento?
Existe. Aquele urbanismo que visa apenas o aproveitamento máximo, licenciamento, lançamento e venda. Ainda existem coisas assim, onde o loteador não está preocupado com o futuro das cidades e das pessoas. Mas, o urbanismo que pensa somente na relação público x privado, lote x rua e não organiza, atividades, gestão, comunicação, não cria significado. O simbólico, cultural, apreço pelo lugar é construído e revitalizado. E isso não é feito somente pelo projeto, isso é construído com as pessoas. A vida, o afeto e a integração com o tecido urbano, o urbanismo pode criar com técnicas de planejamento. Mas a alma do lugar é um conjunto de desejos das pessoas e gerações, incluindo aqui a alma dos empreendedores. Cito aqui a família Druck, a qual muito admiro pelos diversos empreendimentos, onde vejo um compromisso de amor à vida.
A segurança pública é um quesito preocupante nessa construção de espaços públicos? O que existe de solução?
Sim, no entanto, é comprovado que o uso dos espaços públicos, a atividade, transparência, acesso, fluidez pública, todos são componentes que contribuem para a segurança pública aliados a sistemas de gestão colaborativa, com ferramentas de controle e comunicação, garantem a segurança.
Que tipo de novidade/aplicação/conceito aplicado em Jurerê deveria existir em outros projetos pelo país?
A grande novidade é ver o empreendimento como um ciclo completo. Na verdade, em Jurerê Internacional, não é tão novidade, mas se tornou comprovadamente eficiente a utilização indireta da água de reuso, a gestão compartilhada nos aspectos de segurança e manutenção do bairro, direta com os moradores, e o planejamento urbano, que visa o equilíbrio dos espaços urbanos, com os espaços naturais, complementando estes usos com o que chamamos de conexões verdes. Que é a conexão da natureza através da utilização de espécies nativas, nos jardins e calçadas, parques urbanos e o fortalecimento dessa natureza com os corredores ecológicos protegidos, através da criação de reservas naturais e do reconhecimento e conservação das áreas de preservação permanente no entorno. Cuidar de todas as interfaces, não é marketing, é trabalho, dedicação e respeito pela vida.
Como o conceito de placemaking pode ser aplicado a requalificação de novas formas de uso em espaços públicos existentes?
Explorando o belo, trazendo as novidades da tecnologia, aliadas a atividades simples, como proporcionar lugares de estar, de ver e ser visto, de apreciar o momento, cada um na sua forma. Lugares acessíveis e confortáveis, na escala das pessoas.
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