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Retrospectiva do setor imobiliário em 2025 e novos rumos em 2026
Imagem: Freepik
Especialistas avaliam resultados e expectativas para os próximos meses
Em 2025, o mercado imobiliário brasileiro apresentou resiliência nos números, especialmente no residencial de médio padrão, é o que destacam os empresários Sérgio Villas Bôas, da Vitae Urbanismo e presidente da ADIT Brasil, Paulo Toledo, da CIA Multi Plataforma Imobiliária, e Marcos Kahtalian, da Brain Inteligência Estratégica.
Os executivos fizeram uma análise aprofundada sobre o desempenho do mercado durante o webinar “Retrospectiva do setor imobiliário em 2025 e expectativas para 2026”, promovido pela ADIT Brasil. Conforme observam, mesmo diante de incertezas econômicas, o ano de 2025 consolidou tendências relevantes e abriu caminho para uma perspectiva para 2026.
“Imaginava-se um cenário mais difícil do que acabou sendo e a gente foi vendo ao longo do ano comportamentos muito diferentes. Se a gente olhar nacionalmente, o mercado de incorporação vertical cresceu, nos primeiros nove meses do ano, houve um crescimento de 8,4% em lançamentos e 5,5% em vendas”, exemplifica Kahtalian.

Por outro lado, projetos de alto padrão estão vivenciando um paralelo que tem desafiado o mercado, que é o interesse real pela aquisição versus a preferência por manter o capital investido.
“Ninguém está disposto hoje a tirar o seu dinheiro de uma aplicação altamente rentável para poder fazer uma compra. A grande questão é que no lançamento quando você tem uma baixa captação, o cliente entra, porque ele tem o grande desejo de adquirir o imóvel”, revela Toledo.
O presidente da ADIT Brasil comenta como o ambiente de juros elevados alterou a dinâmica de compra e influenciou diretamente o apetite do cliente. Com isso, o mercado precisou lidar com um consumidor mais cauteloso, que passou a comparar riscos e retornos com ainda mais rigor.
“Nós tivemos um ano bastante desafiador, a taxa de juros inibe bastante o cliente a colocar a mão no bolso, especialmente para o segmento médio e médio alto. Especialmente sem correr risco, porque antigamente para você ter uma rentabilidade de dois dígitos você precisaria correr algum risco e hoje, você faz a aplicação mais simples e tem essa rentabilidade”, elucidou Villas Bôas.
Perspectivas e tendências futuras
Outro ponto relevante é a mudança no comportamento e nas prioridades do consumidor imobiliário. Segundo os especialistas, a forma como as pessoas vivem, trabalham e se relacionam com a cidade passou por uma transformação acelerada nos últimos anos, movimento que tem impactado diretamente o desenho dos novos empreendimentos.
“A gente percebe claramente a transformação da sociedade. As pessoas mudaram a forma de viver, logo projetos horizontais ou verticais que estejam conectados a tendências como bem-estar, sustentabilidade e tecnologia.”
Paulo Toledo
A projeção para 2026 também trouxe reflexões importantes sobre a estratégia e o papel das incorporadoras na jornada de decisão. Em um mercado mais competitivo, onde a sensação de abundância de ofertas reduz a urgência de compra, o consumidor se torna ainda mais criterioso.
Para o sócio da Brain, isso exige estratégias mais precisas, produtos mais consistentes e comunicação extremamente clara sobre valores e diferenciais do projeto. Isso persiste ainda que essa ideia do comprador de escolhas múltiplas não seja diferente da realidade do mercado.
“2026 é o ano da assertividade, porque o consumidor de maneira geral não tem percepção de escassez de oferta. Nesse sentido, ele se questiona ‘será que eu estou fazendo a compra certa?’, então você tem que dar razões para ele fazer a compra.”
Marcos Kahtalian
Além disso, segundo avalia Villas Bôas, a expectativa de um ambiente financeiro mais favorável, com juros menores, inflação controlada e maior estabilidade, tende a estimular tanto consumidores quanto investidores, criando um campo mais fértil para novos lançamentos e operações de crédito.
“Espera-se uma trajetória de queda da Selic, que é muito positiva, porque essa sinalização já dá uma inquietação nas pessoas, e também a redução da inflação ajuda, afasta o risco de desemprego e recessão, sem contar o crédito habitacional.”
Sérgio Villas Bôas
Com consumidores atentos, crédito em potencial expansão e um cenário econômico mais previsível, o setor imobiliário se prepara para um novo ciclo de oportunidades, mas também de responsabilidade.
Na visão dos especialistas, para incorporadores, investidores e profissionais, o momento exige foco, clareza e consistência na entrega de produtos que realmente respondam às demandas de um público cada vez mais informado e seletivo.
Assista ao webinar completo para conferir mais sobre a opinião dos executivos.
- Por Maíra Sobral – Coordenadora de conteúdo na ADIT Brasil
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