Especialistas refletem sobre metodologias que podem facilitar a implementação das práticas sustentáveis

A busca por soluções inovadoras para a sustentabilidade em comunidades planejadas no Brasil tem se tornado uma necessidade cada vez mais presente e criteriosa para loteadores e desenvolvedores urbanos.

Isso porque, com a crescente demanda por espaços urbanos mais eficientes e ambientalmente responsáveis, especialistas explicam que apesar dos avanços, alguns obstáculos ainda despontam nesse cenário.

“Os maiores desafios estão muito além do domínio das tecnologias e muitas vezes encontram entraves em legislações defasadas (a exemplo da aprovação dos jardins de chuva como drenagem) bem como proposta de valor por parte do mercado de uma forma geral, que via de regra estabelece critérios de precificação impeditivos”, revela Irineu Guimarães, CEO da BLD Urbanismo.

Para Ivo Szterling, sócio da Vitae Urbanismo, a seriedade com que a sustentabilidade é tratada desde a fase de estudos técnicos do projeto é crucial para o sucesso dessas iniciativas, além do cuidado com uma gestão eficiente das obras e operação do empreendimento.

“Em primeiro lugar, o desafio se encontra na seriedade que o assunto deve ser tratado pelas empresas na fase de estudos técnicos e projetos. As decisões de projeto devem ponderar sempre em suas tomadas de decisão os custos de implantação e uso com eficiência ambiental”, destaca o empresário.

“Em segundo lugar, na gestão cuidadosa das obras de implantação, com controles permanentes de impactos. E, em terceiro lugar, no ‘manual do usuário’ é fundamental passar o bastão para a Associação de Moradores ou para a prefeitura, para que os sistemas concebidos funcionem ao longo do tempo de uso”, completa Szterling.

Metodologias que impulsionam a sustentabilidade

O executivo da Vitae aconselha o interesse pelas certificações ambientais, que segundo ele desempenham um papel essencial na estruturação de projetos sustentáveis, como estratégia para driblar os desafios mencionados e alcançar mais eficiência durante a jornada de desenvolvimento do empreendimento.

“Acredito que uma boa metodologia para orientar as empresas nessas três fases seja a adoção das certificações ambientais. Elas ajudam muito, dão maior clareza no que é relevante fazer, em como fazer e como mensurar resultados”, indica Sterling.

De forma mais prática, entre as tecnologias mais eficazes para aumentar a sustentabilidade e eficiência, Irineu menciona aquelas que otimizem o uso dos recursos naturais, como água, energia solar e práticas de mobilidade sustentável. O CEO da BLD também destaca a importância de certificações ambientais e o seguimento das orientações globais.

“Além do uso inteligente dos recursos naturais tais como uso energia solar, reuso de água, automação, drenagem verde, gestão de resíduos/compostagem, mobilidade sustentável etc, vale a pena investir como mencionado nas orientações dos ODS, VSE e Selos GBC (Green Building Council)”, cita Guimarães.

O futuro da sustentabilidade em comunidades planejadas

Olhando para o futuro, a expectativa é que a sustentabilidade se torne um requisito indispensável nos novos empreendimentos. Szterling acredita que os bons exemplos de projetos sustentáveis ajudarão a elevar o padrão do mercado e incentivar a conscientização do público.

“Espero que os bons exemplos de novos projetos e empreendimentos, cada vez mais atentos às propostas de sustentabilidade, sensibilizem o mercado e façam subir a régua dos empreendimentos de forma geral”, comenta.

Para Szterling, com uma combinação de inovação, políticas públicas atualizadas e conscientização coletiva, as comunidades planejadas podem se tornar um modelo de desenvolvimento sustentável, aliando tecnologia e qualidade de vida.

“Acredito que a formação de uma opinião pública esclarecida é fundamental para puxar para cima a qualidade e a seriedade do segmento em relação às questões ambientais”, enfatiza o executivo.

• Por Maíra Sobral – Coordenadora de conteúdo na ADIT Brasil