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Pesquisa revela crescimento do mercado de timeshare no Brasil
Dados da Noctua Advisory aponta cenário positivo para o turismo compartilhado no país
O mercado de timeshare no Brasil tem experimentado um crescimento significativo nos últimos anos, se consolidando como um dos setores mais promissores do turismo compartilhado.
A Noctua Advisory, empresa de consultoria em hospitalidade e turismo, divulgou no último mês um estudo sobre o atual estágio de desenvolvimento do setor e suas perspectivas para os próximos anos. Para explicar melhor o fenômeno, Pedro Cypriano, sócio fundador da Noctua, destacou que o mercado brasileiro tem atraído cada vez mais investidores e consumidores.
“Hoje, o timeshare em ordem de grandeza, já representa algo próximo à metade do turismo compartilhado no Brasil. A gente tem 150 empreendimentos em operação, mais de 50 salas ativas de venda e, além disso, você vê também grandes complexos tendo uma sinergia com componentes de entretenimento”, afirmou Cypriano.
O crescimento das vendas reflete a sofisticação dos produtos oferecidos, que vão além do tradicional resort, incorporando âncoras de entretenimento, como parques aquáticos e outras atrações turísticas. Os números evidenciam essa tendência, como ressalta o empresário.
“Temos 97 projetos de entretenimento em estruturação, desses 97 projetos, 38% aproximadamente está relacionado ao turismo compartilhado. E se a gente faz uma aproximação apenas em parque aquático, mais de 90% estão voltados aos produtos de turismo compartilhado, então há uma tendência clara”.
Desafios e oportunidades para o crescimento do timeshare
Apesar do crescimento, o mercado de timeshare no Brasil ainda enfrenta desafios, especialmente relacionados aos aportes exigidos para tirar os projetos do papel. A dificuldade é ainda maior para os desenvolvedores entrantes no mercado.
“Um dos desafios é conseguir funding para estruturação do empreendimento e depois começar um processo de venda. Para grupos que já estão em operação de alguma forma, eles têm lastro e até parte do inventário que já existe, serve para uma plataforma de venda que possa acontecer no horizonte de estruturação de novos projetos. Para quem é desenvolvedor novo isso não existe”, explica Cypriano.
Por outro lado, a questão financeira e econômica não tem impedido este mercado de crescer. Para o especialista, ao analisar o cenário de maneira macro, a expectativa é que, conforme haja uma recuperação econômica do país, o timeshare possa se desenvolver mais.
“A gente vê todo esse processo de crescimento do turismo compartilhado no Brasil, no entanto, diante de um cenário de um país que não cresceu. A classe média encolheu, a gente tem mais de 70 milhões de endividados, evidentemente isso não ajuda. A gente tem ainda uma demanda reprimida grande, então é importante que o Brasil volte a crescer para que a gente consiga acelerar a nossa expectativa de crescimento do setor”, completa o empresário.
O futuro do Timeshare no Brasil
Sobre o futuro do mercado de timeshare no Brasil, Cypriano se declara muito confiante, uma vez que, apesar dos problemas econômicos, houve um avanço significativo do turismo compartilhado, enquanto a chegada do entretenimento abre ainda outras portas para o segmento.
“A vinda do entretenimento, algo recente para a maioria, desenvolve novas possibilidades a serem exploradas, as próprias marcas ainda não estão presentes de uma maneira majoritária no nosso negócio. Globalmente existem grandes vacations com centenas de unidades e aqui no Brasil ainda tem espaço para gente caminhar muito nesse sentido”, acredita o sócio da Noctua.
Para Stanislas Lorthiois, Head de Propriedade Compartilhada na ADIT Brasil, o estudo também serve para mostrar o papel de destaque do timeshare dentro da economia do turismo no país, considerando os números expressivos.
“A NOCTUA apresenta, nesta 1ª edição de 2024 do estudo de Timeshare no Brasil, uma valiosa fotografia do atual momento do mercado brasileiro de timeshare. O estudo revela, em números, um forte potencial a ser explorado quando comparamos o mercado brasileiro ao mercado americano, bilionário e consolidado, com mais de 50 anos de atuação e US$ 10 bilhões em vendas anuais”.
Lorthiois reforça como o mercado de timeshare no Brasil está em uma trajetória ascendente, impulsionado por uma combinação de fatores econômicos, sociais e tecnológicos e que pode alcançar patamares ainda maiores, se receber a visibilidade e incentivos necessários.
“No Brasil, foram vendidos R$ 2 bilhões em 2023. Apenas 27% dos resorts no país operam com timeshare, enquanto em mercados internacionais esse percentual chega a 89%. No exterior, resorts com timeshare atingem uma taxa de ocupação próxima a 80% e o segmento pode ser um importante veículo para reduzir a sazonalidade hoteleira”, completou o Head de Propriedade Compartilhada da ADIT Brasil.
- Por Maíra Sobral – Analista de conteúdo na ADIT Brasil
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