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Como viabilizar sustentabilidade e preservação ambiental em comunidades planejadas
Executivos falam sobre práticas mais eficazes e que atendam à viabilidade econômica do projeto
A sustentabilidade em comunidades planejadas é um dos grandes desafios do urbanismo contemporâneo, uma vez que exige o equilíbrio entre preservação ambiental, tecnologias inovadoras e viabilidade econômica.
De acordo com Irineu Guimarães, CEO da BLD Urbanismo, a estratégia para garantir comunidades sustentáveis e economicamente viáveis está na integração e valorização do meio ambiente, prática cada vez mais apreciada por investidores, mas também por compradores.
“Sustentabilidade e integração com o meio ambiente são palavras de ordem para quem pratica urbanismo. Notadamente os projetos que têm o viés sustentável e que potencializam os atributos e beleza natural tem mais liquidez e maior precificação, o que agrada igualmente clientes, empreendedores e investidores”, afirma o empresário.
Segundo Ivo Szterling, sócio da Vitae Urbanismo, é essencial adotar compromissos de longo prazo, que iniciam desde a concepção dos empreendimentos. Para ele, iniciativas como drenagem verde, gestão de resíduos e educação ambiental dependem não só do empreendedor, mas também da organização e autogestão das comunidades.
“De forma geral, diretrizes traçadas na fase de concepção, dependerão de investimentos específicos na fase de implantação e no planejamento de rotinas que deverão ser assumidas pelos moradores ou pelo município na fase de operação, o que pressupõe um plano e uma gestão de longo prazo”, diz Szterling.
Integração da sustentabilidade e o papel da associação de moradores
Além disso, ele destaca a importância de práticas como o uso eficiente de recursos naturais, preservação de áreas verdes e ações sustentáveis geridas por associações de moradores. O uso eficiente dos recursos naturais, cuidado das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e paisagismo funcional são exemplos de ações eficazes.
“O que podemos fazer vai muito além do rito de licenciamento e passa fundamentalmente por maior integração da natureza e permeio das áreas verdes dentro do projeto, além de, eventualmente, contemplar ações sustentáveis durante o período de operação legitimadas pela associação de moradores”, completa Guimarães.
Szterling comenta que existe uma gama de diferenciais de sustentabilidade que podem ser adotados em projetos urbanos e que bairros planejados têm a oportunidade de apresentar boas soluções de adensamento orientado para a qualidade do espaço público urbano, como uso misto e foco na caminhabilidade.
“Estes atributos têm uma eficácia muito alta do ponto de vista da sustentabilidade: permitem um uso racional do espaço (economia de serviços ambientais), uma otimização no aproveitamento das infraestruturas (economia no custo da cidade) e uma menor dependência do carro (redução de emissões de poluentes), reduzindo significativamente a pegada ecológica”, explica o diretor da Vitae.
“Programas desse tipo em especial, na realidade brasileira, precisam de uma associação de moradores vinculada ao empreendimento. Sem isso é praticamente impossível existir uma gestão operacional estruturada, organizada e perene”.
Ivo Szterling, sócio da Vitae Urbanismo.
Como exemplo, o executivo cita que a gestão de resíduos sólidos, como a coleta seletiva e a destinação final correta, ainda é rara nas cidades brasileiras e a maioria das prefeituras ainda não tem sistemas completos e organizados.
“Alguns empreendimentos de bairros planejados ou de loteamentos fechados conseguem suprir esse papel evitando um enorme impacto ambiental. Mas, para isso, é preciso desenvolver um sistema que seja operado pela associação de bairro ou de moradores”, acrescenta Szterling.
Recursos e estratégias para preservação ambiental nos empreendimentos
A preservação ambiental começa com um olhar atento às características naturais do local, segundo Guimarães. Ele sugere que empreendedores identifiquem vegetação, recursos hídricos e potenciais visuais durante o planejamento, além da adoção de padrões como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e certificações ambientais.
“É muito importante identificar as principais restrições e potencializar os atributos naturais durante o projeto urbanístico e a fase de concepção de produto. Como exemplos, vegetação de porte, recursos hídricos e potenciais visuais. O empreendedor pode ainda buscar inspiração nos ODS ou no VSE (Valoração dos Serviços Ecossistêmicos), e até mesmo atribuir um selo de sustentabilidade como o LEED ND ou SITES”, explica.
Já Szterling reforça que a preservação ambiental deve ser tratada com seriedade desde os estudos técnicos iniciais, considerando e colocando em teste não apenas o impacto imediato das obras, mas também a durabilidade e eficiência das soluções propostas.
“Na minha experiência e visão, adensamento urbano, preservação de atributos ambientais, saneamento e gestão de resíduos, são os quatro recursos mais eficazes para a diminuição de impactos ambientais e para que os empreendimentos sejam sustentáveis.
Esses pilares, segundo ele, oferecem uma abordagem integrada que equilibra crescimento urbano com responsabilidade ambiental. Ao adotar práticas que otimizem o uso do espaço, minimizem o desperdício de recursos e protejam áreas sensíveis, é possível criar comunidades planejadas que aliam eficiência e qualidade de vida.
“O adensamento permite atender mais gente em menos espaço, diminuindo a pressão sobre áreas ambientalmente sensíveis e relevantes que podem ser preservadas. O saneamento é imprescindível. E a gestão de resíduos com destinação correta e reciclagem se traduzem em economia e reaproveitamento de materiais, com redução de impactos ambientais bastante significativos”, orienta Szterling.
- Por Maíra Sobral – Coordenadora de conteúdo na ADIT Brasil
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