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Artigo: O próximo ano para o mercado imobiliário
Por Marcos Kahtalian – Brain Inteligência Estratégica
2025 foi um bom ano no mercado imobiliário: à despeito da altíssima taxa de juros, os resultados, no agregado, acabaram surpreendendo, demonstrando a incrível resiliência desse ativo. Sem dúvida, parte do sucesso se deve ao segmento do Minha Casa Minha Vida, mas também outros segmentos conseguiram terminar o ano com um desempenho melhor do que seria de se esperar dado o cenário.
E 2026? Quais as nossas apostas? Bem, correndo o risco das apostas futuras, podemos avaliar que algumas tendências deverão se cristalizar no próximo ano:
1) Inflação em queda com dólar mais fraco, gerando cenário de redução da taxa de juros (12,25% ao final do ano como expectativa), vai favorecer a demanda para públicos médio-altos, hoje em compasso de espera.
2) Por outro lado, economia com menor tração (estimativa PIB 1,5% pelo BC para próximo ano) e ano de cenário político disputado deve gerar boa dose de volatilidade, freando em muitos casos novos lançamentos e investimentos. No entanto, dado a baixa taxa de desocupação (5,4% de desemprego esse ano) e a intenção de compra elevada (48% das famílias), a demanda deve se manter mais aquecida que a oferta. Preços irão continuar a subir acima do IPCA e INCC.
3) Manutenção da força do MCMV, em todas as suas faixas.
4) Imóveis de investimento e imóveis de ticket baixos (standard e médio baixo) continuarão com expectativa positiva, ainda que em algumas cidades com menor força pela oferta já colocada. Cenário de reforma tributária pode antecipar decisões de consumidores.
5) Taxas de locação e valores de aluguel devem continuar crescendo pelo descasamento entre preços de venda e renda das famílias nas capitais. Como grande parte dos projetos compactos serão entregues e operarão em 2026, possivelmente se observará uma migração de demanda de short stay para long stay, devendo o short stay se manter em projetos mais estruturados e vocacionados, substituindo parque hoteleiro mais antigo.
6) Luxo e Super luxo tendendo a metragens menores, porém com maior qualidade geral de projeto, mais ênfase em localização e conceituação. O consumidor estará mais criterioso.
7) Valores ou condições de terreno possivelmente com maior margem de negociação, favorecendo compra de landbank.
8) Será o ano de grande procura pelo mercado de capitais, pela primeira vez por grande parte das empresas, o ano dessa “virada”. Empresas menos organizadas deverão reduzir ou descontinuar atividade.
9) Maior crescimento de projetos co-branded nos segmentos altos como busca de diferenciação e maior ingresso em nichos pouco explorados, mas de grande potencial, como sênior living.
10) Dependendo do cenário eleitoral, pode ocorrer grande ativação de negócios ou manutenção do ritmo atual.
No mais, o setor deve comemorar o início da redução da taxa de juros. Sem dúvida, isso motivará o consumidor, e deverá favorecer o crédito. Passados os ruídos do ano (copa e eleições), não há dúvida que o mercado deverá crescer a partir do final do ano. Boas festas!

Marcos Kahtalian é graduado em Comunicação Social pela UFF, pós-graduado em Administração pela FAE Business School, mestre em Multimeios pela Unicamp e doutor em Semiótica pela PUC-SP. Além de Sócio-Fundador da Brain Inteligência Estratégica, ele é Vice-Presidente de Banco de dados do Sinduscon – PR, professor de cursos de pós-graduação e MBA em Marketing e Estratégia e autor do livro Gestão Fora do Eixo.

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