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Artigo: Um novo patamar para o turismo
Imagem criada com auxílio de Inteligência Artificial
Por Marcos Kahtalian – BRAIN Inteligência Estratégica.
Cinco anos após a pandemia de Covid-19, quando o setor sofreu uma crise sem precedentes, podemos agora ter certeza que o turismo se encontra no país em um patamar bastante positivo. E mais do que isso: encontra-se em um novo patamar de demanda.
Não se trata mais agora do choque de uma demanda reprimida pós-covid, mas de uma nova realidade estrutural do setor: o turismo nacional e internacional se encontra muito forte, sugerindo que, de fato, há uma grande intenção de fruição do lazer nas nossas sociedades. Vamos a alguns números que sustentam essa afirmação:
1) Nos primeiros 9 meses de 2025 o Brasil atingiu a marca inédita de 7 milhões de turistas estrangeiros, volume 45% superior ao mesmo período do ano passado. Algumas grandes destinações, como Rio de Janeiro e São Paulo, vêm seguidamente batendo recordes de movimentação turística. Shows e eventos lotam os espaços no Brasil.
2) Segundo a PNAD do IBGE, no relatório sobre os gastos das famílias brasileiras com turismo publicado este ano, houve crescimento de 11,7%% no valor despendido em viagens nacionais com pernoite em 2024 em relação à 2023. Foram R$ 22,8 bilhões gastos pelas famílias. O número de viagens nacionais com pernoite entre 2024 foi de 15,2 milhões, com uma pequena expansão em relação à 2023.
3) Aproximadamente 15 milhões de famílias em 2024 tinham algum morador que viajou, o que representa 19,3% dos domicílios brasileiros. Mas em famílias com renda domiciliar per capita acima de 4 salários-mínimos, 45,7% dos domicílios tinham alguém que viajou em 2024.
4) O crescimento de viagens internacionais de brasileiros em 2024 foi de 11,1% em relação ao ano anterior.
Poderia, claro, seguir citando mais indicadores positivos da atividade, mas qualquer frequentador de aeroportos no país, ou viajante mais ativo pode constatar: a economia da hospitalidade está em um patamar mais alto, com demanda forte que acaba pressionando preços e estruturas. Nesse sentido, dado o imenso potencial do país, é imperativo que cada vez mais a atividade receba investimentos estruturantes e novos projetos bem desenvolvidos, tanto para atender o turismo interno quanto o crescimento externo.
Nota-se ainda muita lacuna de oferta de qualidade, seja em termos de estruturas de receptivo, seja mesmo no parque de hospitalidade mais expandido, que é justamente um segmento de mercado que os desenvolvedores procuram explorar. Vale a pena consultar os dados da PNAD, e das demais fontes de informação, bem como realizar pesquisas sob medida para as necessidades dos projetos empresariais. Com emprego forte, renda em crescimento, sobretudo com a percepção da sociedade de que o lazer e as viagens devem fazer parte de uma vida saudável. Com o envelhecimento da população, pode-se esperar que o turismo no Brasil venha continuar a crescer. Isto é, estamos em um novo patamar de demanda, e ainda devemos continuar crescendo, se para isso nos dedicarmos.
Mais do que nunca a visão empresarial, o planejamento de longo prazo e a boa gestão são necessários para transformar essa demanda em produto viável. Cabe a nós não deixar passar essa oportunidade. Em um cenário de economia de serviços e sustentabilidade, o turismo e a hospitalidade vão continuar a se consolidar e deverão ensejar nos próximos anos as entregas que o turista precisa neste país continental.

Marcos Kahtalian é graduado em Comunicação Social pela UFF, pós-graduado em Administração pela FAE Business School, mestre em Multimeios pela Unicamp e doutor em Semiótica pela PUC-SP. Além de Sócio-Fundador da Brain Inteligência Estratégica, ele é Vice-Presidente de Banco de dados do Sinduscon – PR, professor de cursos de pós-graduação e MBA em Marketing e Estratégia e autor do livro Gestão Fora do Eixo.

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